Têm sido realizadas na Europa e nos Estados Unidos pesquisas de opinião, somente entre os jovens, sobre o que pensam eles do estágio atual da democracia ou, se se quiser, das democracias, pois o sistema democrático se nos apresenta sobre várias acepções.
O resultado não tem sido animador, embora a conceituada revista The Economist tenha publicado uma capa interessante e convincente, com foto tirada em Beirute, de exaltação entusiástica da evacuação das tropas sírias que deixam o Líbano depois de anos de permanência.
O conceito de democracia e a sua implantação na maioria dos países, da razão aos jovens, não obstante as demonstrações de alegria, quando ocorre um fato relevante como o da saída das tropas sírias de Beirute e do Líbano, como nação subjugada. Dir-se-á que os jovens não sabem julgar os poderes das repúblicas, onde prevalece a democracia como entendemos nós. De acordo, sob vários aspectos; mas eles estão bem informados, pois a mídia escrita e a áudio-televisiva mostra-lhes como é tratadpo pelos governos o sistema democrático. Temos, mesmo, ao alcance das mãos, o recente episódio da eleição de Severino Cavalcanti, a promessa de aumento dos deputados e o aumento efetivado.
Mas não é só isso, é tudo o mais; é a falta de ética, ainda que se mantenha um fiscal de ética nos parlamentos. Além da falta de ética, que é um dos males de que sofrem as democracias, temos os conchavos, os caucus criticados pela decepção de Rui Barbosa, e as uniões de legendas ou de partidos, para entregar ao presidente o poder máximo, com o qual ele fará uma ditadura camuflada, de que não se dão conta os jovens e os menos jovens e até a mídia, com todo o seu poderio pela organização e os grandes capitais investidos para a comunicação.
O que dizemos é, portanto, que a democracia em questão estaria precisando - fico no condicional, para não ser afirmativo - é de ética como princípio, é de rigor na execução dos mandatos eleitorais, é, sobretudo, o regime que garante a liberdade dos cidadãos, sem ferir-lhes a susceptibilidade com atos de comportamento coletivo que abala as colunas do templo político. Como vem acontecendo no Brasil, onde até as leis têm caráter retroativo, para salvar uma candidata do direito de disputar uma eleição sem outro motivo que não o de sua vontade, de quem quer porque quer.
Em síntese, portanto, diremos que os jovens na sua maioria, em todos os países, estão ficando cada vez mais decepcionados com a democracia, com raras exceções de respeitabilidade, e o que se convencionou denominar governabilidade. Lembro, para finalizar, que os jovens, quando se unem e se levantam em massa, como aconteceu em 1968, abalam os governos mais sólidos.
Diário do Comércio (São Paulo) 22/03/2005