A influente revista inglesa The Economist dedicou o editorial de capa a um assunto da maior importância e mostra que o presidente George W. Bush está sozinho na guerra do Iraque. Creio que esta solidão deve muito incomodar o presidente americano, mas a responsabilidade por sua presença no Iraque sem companhia advém da decisão de partir para a guerra aparentemente sem consultar supostos parceiros. Lembremos que a guerra começou de um momento para outro, com um intenso bombardeio em Bagdá, deslocando-se para outras áreas da terra de Saddam Hussein.
O resultado desta política puritana está se vendo, com a situação dos EUA no Iraque cada vez mais complexa. Comentaristas já lembram o problema do Vietnã, onde os EUA também saíram sozinhos na intenção de extinguir o comunismo na península vietnamita, com o fim de conquistá-la para o Ocidente, isto é a liderança americana.
Oresultado está aí, na solidão de Bush, que deve agora tentar uma saída menos dramática, para não ter que amargar uma derrota feia. Pode ser uma lição, mas muito cara. Isto prova que a presidência americana, considerada por Harry Truman de peso quase insuportável, deve cercar-se de assessores da maior competência, fáceis de serem obtidos e convidados nas grandes universidades do país.
O solipsismo do presidente americano, que tem no pai exemplo muito próximo, deve acabar de uma vez por todas, em nome dos interesses mundiais, em virtude da liderança, do ideal democrático e da concórdia entre as nações, que os EUA representam muito bem. Que Bush aprenda a lição, se é que ainda não aprendeu, pois o seu cargo é o mais importante do mundo e tem relação com todos os povos, sobretudo as exemplares democracias européias e outras espalhadas pelo mundo.
Diário do Comércio (São Paulo) 16/03/2006