Eu não queria estar na pele dos narradores de futebol. A vida lhes ficou difícil. Além da dificuldade de identificar os jogadores pelo número na camisa (que passou de 1 a 11 para de 1 a 99), posição em campo (todos hoje jogam em todas) e estilo de cabelo (abundam os cabelos descorados), há os nomes. Tem-se a impressão de que, nos anos 2000, os pais brasileiros elegeram certos nomes com os quais registrar seus filhos e correram em massa para os cartórios. É só consultar o atual plantel profissional dos principais times, divulgado por eles.
Tome Mateus (ou Matteus, Matheus, Matteo ou Mateuzinho). Botafogo, Corinthians, Fluminense, Vasco, Palmeiras, Santos e São Paulo, todos têm um. O Flamengo e o Cruzeiro têm dois. Ou, então, Lucas (ou Luccas ou Lucca). Atlético Mineiro, Flamengo, Grêmio, Santos e São Paulo têm o seu. O Cruzeiro e o Internacional, dois, e o Fluminense, pode crer, cinco. Cinco Lucas! E Wallace? Há pelo menos um no Cruzeiro, Flamengo, Fluminense e Vasco. E o que dizer de Alan (ou Allan)? Botafogo, Corinthians, Flamengo e Internacional têm um e o Atlético Mineiro, dois —todos eles Álans, não mais Alãs.
Iago, Igor ou Yuri? Botafogo, Corinthians, Flamengo, Grêmio e Internacional têm um; o Atlético Mineiro, dois. Vamos a Juan (ou Ruan, Ruhan, Rwan, Ryan ou Rayan). Atlético Mineiro, Botafogo, Corinthians, São Paulo e Vasco têm, cada qual, um deles; o Cruzeiro tem um Juan e um Rhuan.
E há os Cacás, Cadus, Caios, Kaios, Cauãs, Kauãs, Cauês, Kauês, Caíkes, Kaíkes, Kevins e Kelvins. Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras, Santos e Vasco, todos têm um deles. O Internacional tem dois Kauãs e o Botafogo e o Corinthians, três. O Fluminense, não contente com dois Kaios e um Kevin, ainda tem Keno e Cano. E não esquecer os Maikes, Marlons e Patricks, que, por falta de espaço, ficam "à disposição".
Veja bem, nada contra esses nomes. O que intriga é a incidência. Se o seu clube não tiver pelo menos um jogador com esses nomes, você deve recorrer à federação.
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