Ao eleger, com 35 votos, o professor Ricardo Cavaliere para o seu quadro de membros efetivos, a Academia Brasileira de Letras ganhou um novo filólogo, para fazer companhia ao consagrado mestre que é Evanildo Bechara, hoje presidente da sua Comissão de Lexicografia e Lexicologia. Ele chega à Casa de Machado de Assis cheio de planos e ideias, como a realização do dicionário que sempre foi um sonho da instituição.
Graduado em Letras(1975) e Direito (1996), Cavaliere obteve os títulos de mestre (1990) e doutor (1997) em Língua Portuguesa pela UFRJ. É professor aposentado pela Universidade Federal Fluminense e membro da Academia Brasileira de Filologia. Sua candidatura foi muito apoiada por Evanildo Bechara, hoje com 95 anos, que queria fazê-lo seu sucessor, numa entidade que quer editar um dicionário e já tem produzidos o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o Vocabulário Onomástico, que nasceu na minha gestão como presidente da ABL e que precisa de uma revisão.
Nessa disputa, Cavaliere derrotou o quadrinista Maurício de Souza, o famoso pai da Turma da Mônica. Era a substituição da professora Cleonice Berardinelli, morta aos 106 anos de idade. Cavaliere é um dos maiores especialistas em letras e linguística do país. Ganhou por larga margem de votos, prevalecendo nessa eleição a ideia que gibi não era literatura de verdade. Maurício respondeu que quadrinhos são revolucionários porque ficam entre a literatura e as artes gráficas. Lembrou que Will Eisner, pai de 'Spirit', nos ensinou que a linguagem dos quadrinhos 'é uma revolução de ideias'.
A vitória de Cavaliere representa um grande feito para os aficionados da língua portuguesa. Mas Maurício de Sousa prometeu, na noite da eleição, que insistirá na ideia de pertencer aos quadros da ABL. 'Tenho grandes projetos para cla', afirmou em São Paulo.