É como a seleção de futebol: não dá pra torcer contra, mesmo não concordando com a escalação, mesmo admitindo que foi um começo desanimador, de desencontros e incongruências. O time que está entrando em campo para conduzir o país, isto é, o novo Ministério, dificilmente será superado em extravagância e exotismo de alguns de seus jogadores.
A começar pelo capitão, cujo problema maior não é a continência que bate em excesso, mas a sua incontinência verbal crônica, transtorno que consiste na emissão irresistível de impropriedades, como aconteceu nos seus primeiros dias de governo, quando teve que ser desmentido várias vezes, não pela oposição, não pela imprensa, mas pela própria equipe.
A prova de que se trata de uma compulsão, ou seja, de um impulso incontido, está no fato de que, como já foi confessado, ele não entende de economia, quem entende é o ministro Paulo Guedes, seu “posto Ipiranga”. Por que então se meteu onde não foi chamado para cometer tantas trapalhadas, inclusive assinar o que não leu ou leu e não entendeu?
Assessores tiveram que acalmar os ânimos do mercado, e um deles, muito sem jeito, apresentou uma desculpa esfarrapada: “Ele deveria estar se referindo a algum outro fato ou alguma outra época ou algum outro debate” (no mundo da Lua, por exemplo). O seu ministro da Casa Civil foi mais preciso: “Ele se equivocou”, assinando uma coisa pensando ser outra.
O pior dessa prática de governar por Twitter, copiada de Trump, é que, em vez de corrigir o erro, apenas some com o que fora escrito, como no caso do Ibama. Convencido por seu ministro do Meio Ambiente, insinuou séria irregularidade no instituto, mas ao descobrir que era falsa a informação, simplesmente apagou o que escrevera antes. Teve então que engolir o que disse a presidente do órgão ao pedir demissão: “a acusação sem fundamento evidenciou o completo desconhecimento da magnitude do Ibama e de suas funções”.
Para um presidente que não sabe calar, só falar, a saída é recorrer a um porta-voz. Por que não?