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E para a educação?

 

Vivendo um ano de contenção de gastos. E quando se trata da Educação, a palavra gasto é sempre muito mal aplicada, pois vira sinônimo de desperdício. Prefere-se falar em investimento. O governo anunciou que contará, em 2015, com R$ 101 bilhões para os projetos na área da Educação. È muito? Pouco? Não há noção exata.

Um exemplo pode ser focalizado na educação infantil. Deseja-se colocar na escola todas as crianças brasileiras de 4 e 5 anos de idade. Sem dúvida, um nobre iniciativa, que naturalmente não poderá contar somente com os combalidos cofres municipais. Será necessária uma generosa mesada federal, se é que se pretende viabilizar o pleito.

Depois, vem o caso da educação técnica, muito bem representada pelos Institutos Federais hoje espalhados por quase todo o nosso território. São os IFETs de boa reputação, mas com um número insuficiente de unidades, se desejamos colocá-los a serviço do crescimento científico e tecnológico do país, o que depende também de boas bibliotecas e eficientes laboratórios.

Chegamos ao sonhado (e não planejado) Fundo de Incentivo aos Professores (FIP). Sabe-se que é praticamente impossível pagar os salários mínimos estabelecidos pelas vias oficiais. No Norte e Nordeste, por exemplo, é comum encontrar situações dramáticas, como os mestres que trocam os seus ganhos por planos de saúde para os familiares.

O MEC lançou o Fundo de Incentivo ao ensino Superior (Fies) e parecia uma ideia brilhante. Logo cerca de 30% dos alunos de 3º grau aderiram à iniciativa, encantados pela possibilidade de pagar os seus estudos e devolver o investimento, com juros baixos, após a conclusão dos cursos. Mas deu zebra no processo. Na hora da renovação, o próprio MEC sentiu que alguma coisa estava errada, inclusive porque as instituições superiores salgaram os seus custos, tornando inviável o procedimento. Foram investidos R$ 14 bilhões, no ano passado, e este ano não se sabe exatamente a quanto montará a conta. O que se tem noção, por enquanto, é que ele não fecha.

O curioso é que há uma forte corrente pedindo que os investimentos em Educação saiam dos atuais 6,1% do Produto Interno Bruto para improváveis 10%. Fala-se no pré-sal, com água na boca. Antes, vamos convir, é preciso equipar a máquina administrativa de forma competente. Ou se vai jogar muito dinheiro fora.

Jornal do Commercio (PE), 09/07/2015