Arrefece o movimento para a queda de Dilma, impossível qualquer volta às ruas. E a direita aí está, toda fora do armário. Somam-se, ainda, a indecisão de Aécio e a clara negativa de FHC à insistência no impeachment. O sentimento parece percorrer todo o PSDB paulista, a buscar outros rumos para a chegada ao Planalto.
A virada de página, entretanto, deve muito ao próprio governo e ao perfil emergente do ministro Levy, assumindo um realismo comedido no quefazer dos próximos meses. Propõe ao país novos "olhos de ver" para a normalização do regime. Reforçou-se, ainda, pelo abandono dos revanchismos retóricos, após a ida à rua no 15 de março último, como então adiantou o ministro Cardozo.
De logo, levanta-se a interrogação do que será a esquerda depois do evanescimento do PT e da falta de lideranças emergentes. A mobilização da sigla continua, cada vez mais, dependente de Lula, e o seu eleitorado congênito não foi atingido pela problemática da corrupção e do moralismo, típica das classes médias do país. Mais ainda, só se aprofundam, ao lado do vácuo de quadros, a força do seu aliancismo sindical e o comando crescente que assume na ação parlamentar, pelo racha, sem volta, do PMDB.
O desfecho da nova lei de suporte financeiro aos partidos, ainda que elimine o arbítrio do Planalto na liberação desses fundos, não lhe retira a manopla de seus freios e acelerações. E é, já, o inesperado associativismo de legendas que irrompe nesses dias, na impensável associação entre o PTB e o DEM, para se alinhar a esse rateio, com real poder de fogo. De toda forma, despencou-se o fantasma de um comando de Eduardo Cunha e de toda a primeira estratégia, premeditada, de garantir à presidência da Câmara a torna de uma desabrida e ostensiva política de clientela no comando do poder federal.