Ser professor de uma instituição respeitável constitui uma honra muito grande. Ainda mais quando se trata de uma das mais antigas do País, como é o caso da Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, de notáveis tradições.
Essa honra se amplia quando ela reconhece nossos méritos e concede o título de Professor Emérito. E o sentimento de justiça e generosidade que justifica essa concessão, como agora se faz, por iniciativa do professor Cândido Mendes de Almeida, reitor da Universidade que leva o nome da sua ilustre família. Recebo essa homenagem como uma láurea especial em minha vida de educador.
Na década de 1960 tive o prazer de lecionar em duas instituições de grande importância na educação brasileira. Dava aulas de Administração Escolar e Educação Comparada na Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), depois de ter vencido um concurso de cátedra em provas públicas. Completava o prazer do magistério com as aulas de Teoria Geral da Administração no Grupo Cândido Mendes. A sala, sempre repleta, ficava na Praça XV, com uma prumada para a rua Sete de Setembro, onde de 20 em 20 minutos passava, com a estridência natural, o bonde Tijuca (n0 66). Para não perder a voz, era obrigado a diminuir o tom, mantendo o ritmo dos conhecimentos ministrados, que me levaram a ser credenciado pelo Conselho Federal de Educação.
Tinha uma enorme responsabilidade. As aulas eram noturnas e iam até às 22 horas. Alertado por um aluno que depois se tornaria diretor da TV Educativa, não poderia afrouxar o meu compromisso. Disse-me ele, um dia, depois de uma jornada pesada: ''Professor, o senhor não reparou como as suas aulas estão sempre repletas de alunos? O pessoal fica até essa hora porque gosta muito do seu empenho e da sua dedicação."
O resultado desse estilo foi a minha escolha para paraninfo. Dei aula sempre para o 3o ano. Mas os concluintes da 4a série lembraram do meu nome para essa homenagem que não tem preço. A cerimônia de encerramento foi no Teatro Municipal, inteiramente lotado, com o discurso do patrono Antonio Dias Leite e outro do paraninfo Arnaldo Niskier, ambos igualmente aplaudidos.
Foi uma das maiores emoções profissionais da minha vida. O reconhecimento dos alunos é altamente gratificante. E hoje, quando a Universidade Cândido Mendes recorda os méritos desse mestre dedicado e abre as suas portas para conceder a emerência sonhada, repete-se a emoção de anos atrás e pode-se concluir que terá valido a pena o sacrifício de tantos anos. Será um ato de justiça lembrar a companhia, na cadeira de Teoria Geral de Administração, da professora Leda Ivo, competente especialista, esposa do meu saudoso amigo acadêmico, poeta e jornalista Ledo Ivo, companheiro da Academia Brasileira de Letras e da redação da Revista Manchete. Ela foi a minha dedicada assistente.
Quero dividir esse momento de glória com o corpo docente da Universidade Cândido Mendes. Ao agradecer mais uma vez o carinho do reitor Cândido Mendes, reafirmo o compromisso, por toda a vida, de continuar servindo à educação brasileira, com a energia que nunca me faltou e que agora sinto estar renovada.