Ao longo da história, os fofoqueiros de todo o mundo quando querem denegrir um homem, sobretudo quando esse homem é uma autoridade, costumam iniciar a maledicência com um aviso cauteloso: "conto o milagre mas não conto o santo".
Não me considero um fofoqueiro, mesmo assim sou obrigado a escrever esta crônica para conhecimento dos leitores. Contarei o milagre mas não contarei o santo. O assunto do dia é a Fifa. Vamos ao milagre sem indicar o santo.
Na Copa do Mundo de 1998, na França, houve o caso do Ronaldo Fenômeno, que teria tido uma convulsão antes da partida final. Zagallo não teve alternativa: escalou Edmundo.
Quando entrei no estádio em Saint Denis, onde se realizaria a partida final daquela Copa, uma recepcionista me deu um volante com a escalação dos times do Brasil e da França. Com espanto, verifiquei que Ronaldo não estava escalado, e sim, Edmundo.
Os alto-falantes do estádio anunciaram a formação das seleções que entrariam em campo. Ao som do nosso hino nacional e da Marselhesa, Brasil e França adentraram o gramado. E lá estava Ronaldo, um pouco trôpego, e sem Edmundo, que tinha sido anunciado.
Na bancada dos jornalistas correu a noticia de que Ronaldo tivera grave convulsão. A Zagallo não restou alternativa a não ser a de escalar Edmundo. O pasmo foi geral e mal informado. Ficamos sabendo que Ronaldo não teria condições de jogar.
Um jornalista brasileiro procurou o cartola responsável pelo jogo. Tomou conhecimento que uma empresa investira muito dinheiro em Ronaldo, que deveria jogar de qualquer maneira. Zagallo não podia desobedecer aos seus superiores. Anunciou Edmundo mas colocou Ronaldo em campo, exigência da maior indústria de material esportivo, que praticamente patrocinava o time do Brasil.