Chegar a 80 anos de idade é um verdadeiro marco. Apesar do aumento da expectativa de vida dos brasileiros, nem todos têm essa alegria. É gostoso fazê-lo com sucesso, na dupla condição de jornalista e professor, além de ter constituído uma bela família, de que fazem parte a esposa Ruth (desenhista industrial), os filhos Celso (engenheiro e reitor da Unicarioca), Andréia (psicóloga e diretora executiva de Edições Consultor) e Sandra (psicanalista e escritora), como também seis netas maravilhosas: Giovanna, Dora, Gabriela, Fernanda, Bruna e Paula. Representam motivo permanente de orgulho e muito amor.
O livro “Fotobiografia de Arnaldo Niskier”, lançado por Edições Consultor, na Academia Brasileira de Letras, tornou-se possível pela colaboração de Manoela Ferrari, Isio Ghelman e a Nuvem de Livros. Dele constam episódios de uma vida muito movimentada, como os primeiros tempos em subúrbios do Rio (Pilares e Riachuelo), a pequena temporada em São Paulo, a paixão pelo bairro da Tijuca, onde nasceu o amor pelo América F.C. e a alegria da escolha da profissão do magistério, na saudosa Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da antiga UDF, hoje UERJ.
Com muita emoção recordei os primeiros tempos de jornalismo (jovem ainda) na seção de esportes da Última Hora, depois na Manchete Esportiva, levado por Augusto Rodrigues. Na Empresa Bloch, após uma vitoriosa passagem pela revista Sétimo Céu, em 1960 cheguei à chefia de reportagens da belíssima revista Manchete, que se transformou numa grande escola de jornalismo moderno. Trabalhei 37 anos com Adolpho Bloch, aprendendo a admirar as suas qualidades e a conviver com o seu difícil temperamento. Tive ganhos em todos os sentidos.
Graças à sua compreensão, pude servir ao governo da Guanabara, no tempo de Negrão de Lima (68-71), sendo o primeiro Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do país. Construí o Planetário da Gávea, que se transformou na joia da coroa. Depois, no governo Chagas Freitas, de 79 a 83, tive o privilégio de ocupar a Secretaria de Estado de Educação e Cultura. Inaugurei 88 escolas públicas nesse período. Que alegria maior pode assinalar um educador?
Integrante há 30 anos da Academia Brasileira de Letras, na cadeira no 18, tive a honra de ser seu presidente, nos mandatos de 98 e 99. Criei a Galeria Manoel Bandeira, o Café Academia, a Livraria, o Espaço Machado de Assis e preparei os fundamentos do que seria a sua Biblioteca Eletrônica, denominada Rodolfo Garcia. E ainda pude me dedicar a outra das minhas grandes paixões: escrever livros, 31 deles dedicados ao público infanto-juvenil. Morador de Ipanema, tenho o benefício da incomparável paisagem para produzir os meus trabalhos, a que se soma a ida periódica à paradisíaca cidade de Teresópolis, onde posso sempre estar em companhia dos que me são caros, amigos e familiares, dos quais não abro mão e com os quais espero no mínimo chegar aos 90 anos.