A impressão que dona Dilma está passando para todos nós tem um antecedente histórico dos mais elucidativos.
Nada menos do que o imperador Nero, que achava o pão e o circo os elementos básicos para distrair e até certo ponto dar ao povo o que ele queria.
Dispondo de um grande espaço, que seria mais tarde o Coliseu, iniciado por Vespasiano e terminado por Tito, em 80 d.C., Nero promovia espetáculos que incluíam cristãos devorados por leões, lutas de gladiadores que somente terminavam quando um deles morria e, achando que o elenco de atrações era pobre, inventou uma espécie de apoteose até então inédita.
Os soldados do imperador escolhiam, entre os escravos que as legiões romanas traziam das muitas províncias dominadas por Roma, um grupo que subia ao ponto mais alto do estádio e de lá se atirava na arena, esborrachando-se em pedaços empapados de sangue.
Achando que era pouco para distrair o tédio imperial, ele encomendava grandes esmeraldas finamente buriladas pelos melhores artesãos do mundo.
Quando um grupo despencava lá de cima, Nero colocava duas esmeraldas nos olhos, inventando sem saber os espetáculos a cores.
Dona Dilma é modesta. Não usa esmeraldas para criar um atrativo a mais no número final que levava o povo e o Senado romano ("senatus populusque") ao delírio.
Ela recusa o preto e branco, que era servido à plebe, até a chegada de Natalie Kalmus, que coloria os filmes musicais da Metro.
Com ou sem esmeraldas para assistir ao espetáculo que está produzindo, ajudada pelo PT e pela base aliada, dona Dilma continua negando-se a ver a realidade em preto e branco, apelando para o verde de nossas matas, o verde da nossa bandeira e de nossa esperança.