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A paz necessária

 

Conheço o Estado de Israel de muitas visitas realizadas, a partir da primeira no ano de 1967.  Acompanhei de perto as atividades do Instituto Weizmann de Ciências, um dos grandes orgulhos da nação judaica.  Os seus feitos, em vários campos do conhecimento, servem de referência para a indústria internacional do conhecimento.  Diz-se até que a Jordânia, em termos reservados, é cliente do IWC sobretudo na compra de instrumentos de precisão.

O Brasil não é um país de tradição antissemita ou antissionista. Fatos isolados, aqui e ali, não podem caracterizar a quebra da nossa indiscutível índole democrática. É com essa perspectiva que se deve observar o caso das tristes ocorrências no Oriente Médio. Apesar da comentada desproporção de forças, Israel propôs seguidamente a manutenção da trégua ou um acordo permanente de paz, mas os integrantes do Hamas se opuseram energicamente. Eles impõem condições inaceitáveis para a segurança do Estado judeu, como a construção de portos e aeroportos, o que aumentaria a vulnerabilidade do país vizinho. Ou, mais claramente, os seus líderes proclamam que só haverá paz no Oriente Médio quando Israel for eliminado do mapa e os seus habitantes jogados no mar.

É claro que todas as pessoas de bom senso querem a existência de dois Estados soberanos. Isso chegou a tomar forma com a decisão da ONU de 1947, mas a resposta árabe foi a declaração de guerra, mesmo fato que se repetiu nas guerras seguintes. Em 1973, Israel soube via satélite que os árabes se preparavam para atacar o seu território. Os seus dirigentes avisaram ao governo dos Estados Unidos. Resposta do então chanceler Henri Kissinger: “Não deem o primeiro tiro. O mundo jamais os perdoará pela iniciativa.” Ouvi do general David Eleazar, comandante do exército, o que custou essa decisão ao povo judeu: 500 jovens soldados morreram na primeira investida.

Quando, em relação a isso, as forças israelenses tomaram armas e territórios dos seus inimigos, era comum ler declarações contra a violência de Israel, a desproporção de forças e outros argumentos, que agora se repetiram de forma cansativa.

Quem analisa com o mínimo de isenção a realidade geopolítica do Oriente Médio sabe que os dois Estados, que são viáveis, somente existirão quando houver boa vontade dos dois lados. Quando houver a disposição dos dois povos semitas de se tratarem como irmãos – e assim todos sairão ganhando. Vocês já imaginaram o proveito para os palestinos das conquistas israelenses no campo da ciência e da tecnologia, em que já assinalaram a conquista de 10 prêmios Nobel em relativamente pouco tempo de existência?

O morticínio, em pleno século 21, é sempre profundamente lamentável. Como afirmou muito bem o pensador Paulo Geiger, não se pode demonizar Israel e angelizar os palestinos. O que todos desejamos, num país de tradição pacífica, como é o nosso, é que a guerra tenha fim e dê lugar a uma comunhão pacífica e proveitosa. Ganharão os dois povos e ganhará o mundo.

Jornal do Commercio (RJ), 22/08/2014