Enquanto aguardávamos a chegada do orador principal, o professor Joaquim Falcão, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no seminário sobre “A sociedade civil ibero-americana em 2020”, realizado na sede da Fundação Roberto Marinho, tivemos o ensejo de conversar com diversos dirigentes de entidades do Terceiro Setor.
Particularmente, ouvimos com atenção o líder Jorge Villalobos Grzybowicz, presidente do Centro Mexicano para a Filantropia (Cemafi), que nos revelou a missão da sua entidade: “Promover e articular a participação filantrópica, comprometida e socialmente responsável pelos cidadãos, organizações e empresas, para alcançar uma sociedade mais equitativa, solidária e próspera.”
O Brasil acordou para a importância do Terceiro Setor, de que talvez o melhor exemplo seja o trabalho de quase 50 anos do Centro de Integração Empresa-Escola, presente praticamente em todo o nosso território. Realiza um notável empenho de assistência social e educação, podendo se orgulhar de ter atendido, até hoje, mais de 12 milhões de estagiários e aprendizes.
Sabe-se que o Primeiro Setor é o governo, responsável pelas questões sociais. O Segundo Setor é a iniciativa privada, que responde pelas questões individuais, e, sempre que possível, socorre o governo nas demandas sociais, o que é feito principalmente através do Terceiro Setor, constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que têm como objetivo realizar serviços de caráter público.
Isso é feito através de fundações, entidades beneficentes, fundos comunitários, entidades sem fins lucrativos, ONGs, empresas com Responsabilidade Social etc. A sinergia de todos esses entes representa um grande esforço em nossa sociedade, prestando serviços a jovens carentes que, de outra forma, estariam desassistidos.
A fala de Joaquim Falcão foi muito aplaudida. Dono de grande experiência, durante os muitos anos em que dirigiu a Fundação Roberto Marinho, elogiou o crescente movimento do Terceiro Setor, que hoje empolga o nosso empresariado. O fenômeno, aliás, é latino-americano, sobretudo onde há democracias consolidadas. Joaquim Falcão elogiou o tempo dos mecenas, para se fixar na realidade de hoje: a colaboração de celebridades em projetos sociais, como faz com muito destaque a cantora Madonna.
Seria uma simplificação condenável enxergar nessas atitudes apenas uma forma de badalação ou desvio das cobranças do imposto de renda. Os movimentos internacionais, na verdade, revelam o desejo dessas personalidades, como muitos e famosos artistas de cinema, de participar das decisões do seu país.
Essas novas necessidades de participação naturalmente estão ligadas aos movimentos de liberdade de expressão e transparência. O avanço científico e tecnológico, cada vez maior, facilita a saída das sociedades – disse Joaquim Falcão – dos limites da democracia analógica para a construção da desejada democracia digital. O futuro está em plena construção – e os atuais movimentos de rua podem ter explicação nesse amplo desejo de transparência.
Jornal do Commercio (RJ), 13/9/2013