Mário Mendonça vive para a pintura há mais de meio século. Suas obras notáveis, especialmente sob a inspiração de D. Quixote, correm mundo, com um estilo pessoal que valoriza também a arte sacra. Adotado pela cidade mineira de Tiradentes, nela instalou o incrível Museu Mário Mendonça, com preciosidades em quadros e esculturas de valor internacional. Isso não exclui paisagens belíssimas, que constam da sua obra, como as que pintou na Bulgária.
Com uma generosidade ímpar, Mário Mendonça entendeu que, nas instalações da sua bonita e ampla residência, deveria criar o “Espaço Arnaldo Niskier”, onde colocou todas as inúmeras ilustrações que fez para o livro “D. Quixote para crianças”, editado pela Consultor, e que já tem várias edições vendidas.
Numa tarde ensolarada, na histórica Tiradentes, reuniu muitos amigos para abrir esse Espaço e ainda deu aos presentes a alegria de mostrar, pela primeira vez, o magnífico trabalho de Evandro Carneiro, que é um D. Quixote originalíssimo, com o Rocinante fazendo um inédito movimento que parece dar vida à escultura. Não foram economizados aplausos a essa obra.
M.M. é considerado o maior artista brasileiro de arte sacra contemporânea, com mais de 20 exposições individuais no Brasil e na Europa. A sua paixão pela ideia é tão grande que foi ele um dos principais defensores, no Conselho Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro, da criação do Museu de Arte Sacra do Rio de Janeiro, hoje uma realidade que deu muitas alegrias ao então Cardeal D. Eugênio Sales. Funciona na Avenida Chile.
Premiado no Brasil e no exterior, Mário tem verdadeiro fascínio pela cidade de Tiradentes, um pequeno município de 83 km2, fundado em 1702, e que ainda guarda características do seu começo de vida. A comida, no local, herdada de índios e escravos, tem uma enorme variedade de sabores, enriquecidos mais tarde pela influência europeia, especialmente dos colonizadores portugueses, com o seus originalíssimos temperos.
A cidade entrou no circuito histórico há cerca de 30 anos, depois de um longo período praticamente de abandono. Mas sua arquitetura foi preservada, atrás da conhecida Serra de São José. Hoje, ela é frequentada por jovens de todas as partes do Brasil, encantados com as suas confortáveis e tradicionais pousadas, mantidas sob a orientação superior do IPHAN. Há inúmeras casas tombadas, além das atenções com os seus museus e os que estão sendo cuidadosamente reconstruídos, como é o caso da Igreja de N.S. de Sant’Anna, que tem o carinhoso apoio de Angela Gutierrez.
Um detalhe que chamou nossa atenção: ao chegar à cidade, encontramos uma histórica Maria Fumaça em plena atividade, preparando-se para levar passageiros curiosos para a vizinha São João del Rei, onde também há monumentos históricos de tirar o fôlego.
Folha Dirigida, 14/3/2013