Os números são quase inacreditáveis. Milhões de brasileiros, de todos os quadrantes, viram entusiasmados as cenas da microssérie “Gabriela”, especialmente as que focalizavam a beleza nativa da atriz Juliana Paes. Ao mesmo tempo, em outro horário, Carminha e Nina deram shows de interpretação, na virada fantástica da dinâmicada telenovela “Avenida Brasil”. O autor João Emanuel Carneiro é um mestre, na arte que consagrou Janete Clair e Gilberto Braga. Outros milhões de telespectadores ficaram de olhos grudados na telinha. Como aconteceu com uma amiga: “Cheguei a passar mal quando elas brigaram pra valer.”
Não há mais limites para o alcance da mídia eletrônica. Na verdade, nem mais o céu é o limite, como se dizia antigamente, nos primórdios da TV aberta (há pouco mais de 50 anos). Plataformas de filmes e séries, disponíveis em computadores, Ipad, Iphone e tablets, têm mais de 5 milhões de potenciais usuários — e o número tende a crescer avassaladoramente. A Globosat está lançando o canal Philos, dedicado a conteúdos eruditos, abrangendo arte, espetáculo, entrevista e debate, além de uma atração nacional em parceria com a Casa do Saber. Nem a mais fértil imaginação poderia supor esse crescimento tão rápido, na oferta de atrações.
Aqui deve existir uma saudável junção de cultura e educação. Esses mecanismos estão sendo disponibilizados para ampliar a oferta de possibilidades de uso, como se pode assinalar pela existência comprovada, hoje em dia, de cerca de 1 milhão de estudantes via educação à distância no Brasil. É outro número que cresce em progressão geométrica, aliás, como convém aos nossos anseios de potência econômica e social.
Em conversa com o publicitário Nizan Guanaes, sentimos o seu entusiasmo com o que nos vem dos Estados Unidos, onde universidades como Harvard, MIT, Stanford, Princeton e Johns Hopkins, entre outras, promoverão cursos gratuitos a serem acompanhados de casa, via edxonline. Só as duas primeiras instituições esperam, ainda este ano, educar mais de 1 bilhão de pessoas com os seus serviços digitais, que incluem a língua inglesa e outros conhecimentos igualmente úteis.
Seria inteligente que a educação brasileira, com incríveis carências qualitativas, se valesse desses imensos potenciais para aperfeiçoar o que é oferecido aos nossos estudantes. Os meios oficiais, às voltas com greves e mais greves, não demonstram grande vontade de resolver o que é essencial para que tenhamos uma educação de Primeiro Mundo. Isso pode eternizar o atraso, o que é profundamente lamentável.
O Globo, 16/8/2012