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Mal começa o fundamentalismo americano

 

No decorrer deste ano só se reforçaram os perigos da expansão do fundamentalismo americano, em contrapartida às ameaças da radicalidade islâmica, ou do terrorismo, brotado há uma década, com a derrubada das torres de Manhattan. Não o aplacou a execução de Bin Laden, nem a de um dos seus principais lugares-tenentes, entregue, também, ao fuzilamento americano pelo governo do Iêmen, e em troca da conservação do status quo do país.

O confronto continua latente, nesta paradoxal "civilização do medo" em que entramos no século XXI, e seu maior sinal é o da nova disciplina das direitas dos EUA, como que respondendo a um inconsciente social de rupturas no entrincheiramento defensivo da modernidade. Dois dos três candidatos ostensivos anti-Obama são mórmons.

Essencial não é mais a poligamia de Salt Lake City, mas a obrigação da extrema fidelidade com os compromissos assumidos em qualquer programa. Romney e Paul vão ao conservadorismo intrínseco, sem qualquer proposta de mudança, deixado, por inteiro, ao previdencialismo do mercado, de par com a redução extrema da ação do Estado. Inclusive ao preço das socializações avançadas, enfim, pela política de saúde de Obama.

No polo extremo do novo republicanismo está, por força, o Tea Party, a defender a exclusão do islamismo nos EUA, na resistência à imigração, como possível redução dos direitos políticos dos atuais cidadãos de credo muçulmano. Encontra-se no eixo de toda esta política a reinserção do público e do privado na vida política, na condenação de candidatos divorciados, para não falar dos acusados de denúncias sexuais, que já derrubaram Brian Davis.

Newt Gingrich, de volta à arena para preencher um vazio dos republicanos centristas, pode ser repudiado por estar no terceiro casamento. E não é sem razão que, na carga programática republicana, está a condenação do casamento gay, a completa eliminação do aborto, e até a outorga da cidadania ao feto, imediatamente após a concepção. Não pode tardar a entrada em campo dos democratas, a garantir a herança da política de lefferson, Franklin, Martin Luther King ou Roosevelt, nos EUA, acima de tudo nação das liberdades, contra essa nova e emergente "Sharia" do Novo Mundo.

Jornal do Commercio (RJ), 23/12/2011