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Morin no Sesc

 

Em dias da semana passada tive dois ricos encontros com Edgar Morin, na Escola Sesc de Ensino Médio. Conversa muito proveitosa para mim, a recolher o idealismo do pensador francês, que, às vezes, parece até idealista demais.

Impressiona conviver com aquele homem de noventa anos, lépido como se fora apenas um quarentão. E olhe lá que quarentão, que anda de bicicleta, que dança com a juventude da escola, que gosta de samba e de conversar.

Morin vem sempre ao Brasil. Hospeda-se num dos apartamentos da escola destinado aos professores. Convive com alunos e mestres, promove seminários, renova seu amor ao Brasil e se exercita na maneira quase obsessiva de refletir sobre questões educacionais. Discute com ardor quase juvenil... Vê-se que já estou a ainda mais remoçar o nonagenário "quarentão".

Morin dedicou-se nessa passagem pelo Rio a analisar o pensamento do Sul, em confronto com o pensamento do Hemisfério Norte. Teve a companhia de latinos americanos e de africanos, entre eles um senegalês muito qualificado. Entre esses, dirigentes do setor de ensino do SESC de vários estados brasileiros. Das reuniões resultou um texto básico a ser apreciado em centros universitários e, em particular, no âmbito dos especialistas do Sesc, na matéria de ensino e cultura.

Tenho a ideia de que tal trabalho está a merecer maior divulgação e que os centros universitários do Rio melhor aproveitem as temporadas cariocas do Morin, entre nós.

O pensamento dele ao redor do qual há salutares controvérsias de natureza científica, adocicados pela simpatia pessoal, carece de mais amplo aproveitamento. E, por oportuno, que se preste aos dirigentes da CNC/Sesc a reverência da gratidão por conta da oportunidade oferecida aos nativos.
 
O professor Cândido Mendes, amigo do Morin, levou-o certa vez à Academia Brasileira e, agora, está sendo instado a promover noutra oportunidade a renovação dessa presença que enriquece a instituição.

Afinal de contas, o deslocamento desde a Europa de Morin,- como de qualquer nome equivalente ao seu em prestígio internacional - necessita ter a mais ampla porosidade e o Sesc, seu anfitrião, certamente não se furtará a dividi-la com outras áreas do pensamento. Há muito o que aproveitar, seja dito e insistido, nessa ação abrangente de relevância do Sesc e da sua excelente Escola, situada em frente à Cidade de Deus, "point" internacionalizado por Obarna e por Morin, também.

Jornal do Commercio (RJ), 23/3/2011