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Artigos

  • Qual seria a reação de Hipócrates?

    Está criada uma bela confusão, no país, a respeito da formação de médicos. Isso nunca foi um ponto pacífico nos meios universitários. A relação candidato-vaga é escandalosa, chegando em alguns casos a 100/1. Temos hoje cerca de 380 mil médicos no Brasil, mas o problema é a sua má distribuição no território nacional. Há excesso nas regiões Centro e Sul, enquanto nas demais a falta é praticamente generalizada, com ênfase no Amazonas e no Maranhão.

  • Acusação injusta

    O título do filme dinamarquês *A Caça", do diretor Thomas Vinterberg, pode suscitar duas 1 i n I ias de raciocínio: a caca aos cervos, comum nas áreas rurais daquela região, ou a verdadeira caçada humana levada acabou contra o professor Lucas, de uma escola infantil, injustamente acusado da prática de pedofilia. A interpretação fica com os espectadores do filme premiado.

  • Estágio é assistência social

    Há certos fatos que ocorrem no âmbito do Governo que são difíceis de acreditar.  Ora é uma proposta inviável de plebiscito, em outro momento é  o  anúncio retumbante de um trem bala que por enquanto não passa de ficção.                                                        Enquanto isso, alguns burocratas se divertem mexendo no que está dando certo.  Veja-se o caso da existência do benemérito CIEE, que no próximo ano comemora 50 anos de belos serviços prestados à nossa juventude.  São mais de  12 milhões  de estágios realizados, o que dá bem a dimensão da sua importância. O que se passa em uma parte do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS)?  Jovens de pouco preparo e muita ideologia cismaram que os estágios consagrados há   tanto tempo não fazem parte do que eles denominam de Assistência Social, uma visível aberração. 

  • A questão dos médicos

    Não é só a má distribuição pelo território nacional o problema que envolve os cerca de 380 mil médicos atualmente em nosso país. Está criada uma bela confusão, também, a respeito da formação desses médicos.  Isso nunca foi um ponto pacífico, nos meios universitários.  A relação candidato-vaga é escandalosa, chegando, em alguns casos, a 100:1.    Há excesso nas regiões centro e sul, enquanto nas demais a falta é praticamente generalizada, com ênfase no Amazonas e no Maranhão.                      A questão vem de longe.  Aliás, remonta aos tempos de Hipócrates, por muitos considerado o “pai da medicina” e que nasceu no ano de  460 a.C.,  numa ilha grega.  É famoso o juramento, em que sintetizou a essência do seu conjunto de obras  e pensamentos e que é repetido até hoje na formatura dos nossos médicos.  Nesse momento de confusão, em que o governo se intromete com ideias esdrúxulas, como a de ampliar a duração do curso para oito anos, em mais um factóide inexplicável, vale a pena recordar os compromissos do velho pensador grego: “Conservarei imaculada minha vida e minha arte... Prometo  que ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência... Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime... Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar para sempre a minha vida, honrado entre os homens: se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.”                          De nada adianta contratar médicos do exterior, sejam eles de Cuba, de Portugal ou da Espanha, para atuar no interior, se não lhes forem dadas condições compatíveis de trabalho.  Já não se pensa nas dificuldades linguísticas, pois essas poderão ser superadas com cursos rápidos, mas o que se reclama é que o governo brasileiro apenas se mostra preocupado com a transferência física dos médicos, sem oferecer as mínimas condições de apoio material em equipamentos, hospitais e ambulatórios.  Espera-se que eles, por serem estrangeiros, façam milagres?                            O SUS é bem uma demonstração de incompetência.  Filas imensas, prazos extensos para operações emergenciais, uma crônica falta de leitos e materiais.  Em municípios do interior, onde encontrar aparelhos de ressonância magnética ou tomografia computadorizada? Um luxo? Não, uma necessidade.                             A triste realidade é de que cerca de 700 municípios, dos nossos 5.500, não têm um único profissional de saúde.  Em outros dois mil, cada três mil pacientes disputam a atenção de um médico, como se isso não atentasse contra a dignidade humana.  Faltam médicos no Brasil e eles precisam ser formados de modo competente.  Deve-se exigir mais das escolas de medicina, mas é preciso oferecer condições a cada uma delas para que cumpram devidamente a sua missão, especialmente as que pertencem diretamente ao governo.  Podemos citar como exemplo o estado de abandono escandaloso do Hospital São Francisco de Assis, na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, como retrato cabal de incúria administrativa.  Antes de importar médicos, não seria melhor cuidar devidamente do que temos por aí? 

  • O que a nova geração não sabe

    Recebemos com muita tristeza a notícia do falecimento do professor Wilson Choeri. Foi um líder, responsável por algumas das medidas mais importantes para a construção da UERJ. É possível recordar as suas ações na conquista da gratuidade da então UDF, junto à Câmara de Vereadores, na década de 50.        Depois, lutou para que existisse a hoje poderosa Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que passou por diferentes denominações (Universidade do Estado da Guanabara, Universidade do Rio de Janeiro, até chegar ao atual nome).        Como vice-reitor, colaborou em diversas gestões da Universidade, a partir daquela histórica de Haroldo Lisboa da Cunha, quando se obteve do governador Carlos Lacerda a área da antiga favela do Esqueleto, para construir o que hoje é o campus Francisco Negrão de Lima. Foi Choeri que comandou, com sua exemplar energia, todo o processo de construção da área, erguendo o que ele apropriadamente chamava de micro-universidade urbana.        A par dessa atividade administrativa, Choeri foi professor de Estatística Educacional (formou-se em Física e Ciências Sociais), chegando à cátedra depois de um brilhante concurso, a que tive a honra de assistir. É claro, participou de todos os movimentos políticos da sua Universidade, sempre desejando o melhor para ela. Quando fui candidato à presidência do Diretório Acadêmico La-Fayette Cirtes, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ele já era um notável professor, mas não concordou com a campanha suja que se montou contra a chapa do Partido Realizador. Foi de sala em sala, dizer que a nossa chapa era a que melhor consultava os interesses da FFCL. Ganhamos com uma diferença de mais de 800 votos. Nunca esqueci a sua corajosa atitude.        Depois, Choeri fez carreira também no magistério do Colégio Pedro II. Chegou à sua direção geral, onde brilhou intensamente, fazendo a escola voltar à condição de padrão do ensino médio brasileiro. Não foi sem razão que a congregação do PII lhe conferiu o título de “professor emérito”, do qual ele se orgulhava muito.        Choeri foi também, ao lado de Omir Fontoura e F. Sgarbi Lima, o criador do Projeto Rondon. Levou centenas de alunos a Parintins, onde a UERJ ergueu um bem estruturado campus avançado. Dirigiu durante os primeiros anos o modelar Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira.       Pois nada disso foi suficiente para que o Conselho Universitário da UERJ lhe conferisse o justíssimo título de “professor emérito”. Hoje, os que se valem daquelas magníficas instalações para dar aulas ou receber aulas têm a obrigação moral de lhe conceder o título post-mortem. É uma resposta também para o estúpido movimento que durante as eleições para reitor sempre se referia a um duvidoso “choerismo”, como se fosse um fato condenável de continuísmo. Nada disso é verdadeiro, pois quando Choeri se afastou da UERJ dedicou todos os seus momentos de trabalho à obra do Colégio Pedro II. Ele foi também aluno eminente e grandemente reconhecido.

  • Viva o terceiro setor

    Enquanto aguardávamos a chegada do orador principal, o professor Joaquim Falcão, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no seminário sobre “A sociedade civil ibero-americana em 2020”, realizado na sede da Fundação Roberto Marinho, tivemos o ensejo de conversar com diversos dirigentes de entidades do Terceiro Setor.

  • Soltos no mundo

    Muita teoria, às vezes, até atrapalha. Lê-se tanto as obras de autores da modernidade que as ideias se embaralham, com o risco de se perder o rumo das coisas ou o foco do que é mais importante.

  • Contradições na assistência social

    Não são poucos nem pequenos os desafios que se colocam à frente do governo federal. Educação, Saúde e Transportes, por exemplo, saltam à vista e têm sido pretexto para movimentos nacionais de protesto, onde se enquistaram vândalos desarrazoados.

  • A volta de Guimarães Rosa

    Ao falar, numa das sessões da Maratona Escolar Guimarães Rosa, na Biblioteca Euclides da Cunha, situada na Ilha do Governador, tive que responder a uma interessante pergunta de um jovem aluno da Escola Municipal Gurgel do Amaral: “Qual a relação que existe entre a leitura e o ato de escrever?”                                       É uma espécie de relação causa/efeito.  Para escrever bem, e com relativa facilidade, é essencial que a  pessoa tenha lido muito, desde cedo.  Ele engrenou uma segunda: “Foi o caso de Guimarães Rosa?”  Não tive como negar que o autor de “Sagarana” tenha sido um grande e compulsivo leitor.                                        No auditório de 100 lugares, as professoras municipais da 11ª. Coordenadoria Regional de Educação prepararam uma linda festa, antes da conferência.  Primeiro, dois  rapazes cantaram ao violão uma música que tinha como tema o sertão, no ritmo do funk.  Tudo produzido por eles.  Depois, meninos e meninas de escolas municipais do Rio fizeram uma encenação de parte da obra de Guimarães Rosa, utilizando grande criatividade.  Assim eles se preparam para enfrentar os desafios da Maratona Escolar, em que têm que escrever redações criativas sobre a vida e a obra do grande escritor mineiro de Cordisburgo.  É uma iniciativa vitoriosa da Secretaria Municipal de Educação, que tem o apoio institucional da Academia Brasileira de Letras.                                         Despertamos o interesse da plateia com algumas manchetes a respeito de Rosa.  Inclusive, a sua atuação como diplomata, na cidade de Hamburgo, em plena II Guerra Mundial, quando, ao lado da esposa Aracy,  concedeu mais de 100 vistos para judeus alemães que se encontravam ameaçados de extermínio pelo nazismo.  Assim, eles puderam embarcar para o Brasil, em busca da salvação, embora isso tudo tenha sido feito ao arrepio do governo do ditador Getúlio Vargas, que, na época, andava de namorico com Adolf Hitler.  Coragem do casal.                                          Guimarães Rosa  era muito tímido.  Nas festas, ficava de lado, sem procurar muita conversa.  Gostava mesmo é de  ir para o mato, em Minas ou Mato Grosso.  Com  o seu caderno, anotava expressões de jagunços e caboclos, para depois colocar nos seus livros, como aconteceu no famoso “Grande Sertão:  Veredas”, o mais conhecido deles todos.  Aliás, nesse romance se desenvolve a relação entre Riobaldo e Diadorim, este sempre vestido de homem.  Só se descobre que era uma bela mulher quando morre, assassinada.                                            Pude ainda falar sobre a estranha posse de Rosa  na Academia Brasileira de Letras.  Ele fora eleito por unanimidade, era um sonho que se realizava, mas dizia aos amigos que não poderia tomar posse.  O seu coração não resistiria a tanta  emoção.  Adiou a cerimônia por  três anos e, afinal, vencido pelos conselhos de muitos amigos,  resolveu aceitar a posse.  Fez  um belíssimo discurso.  Quatro dias depois,  faleceu.  Foi vencido pela emoção.                                            O  mais curioso nisso tudo é que Guimarães Rosa era médico formado, conhecia como ninguém as suas próprias limitações.

  • 10 anos sem Roberto Marinho

    Ao ouvir o escritor SiJviano Santiago falar de saudade, no Teatro R. Magalhães Jr., não pude deixar de associar o sentimento que nos veio de Portugal à figura do acadêmico Roberto Marinho. Falecido há 10 anos, a Academia  Brasileira de Letras, em boa hora, resolveu homenagear a sua memória, com uma linda exposição que está sendo visitada por milhares de pessoas, especialmente estudantes do nosso Estado.

  • A riqueza do setor primário

    Com a experiência de ocupar a titularidade da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, por duas vezes, sempre tive a minha vista voltada também para o setor primário da economia. Por um motivo muito simples: não entendia por que, com tantas condições favoráveis de clima e solo, devíamos comprar de estados vizinhos cerca de 80% do nosso consumo. É claro que os produtos chegavam ao Rio com os preços inflados pelos custos do transporte.

  • Clima e solo favoráveis

    Com a experiência de ocupar a titularidade da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, por duas vezes, sempre tive a minha vista voltada também para o setor primário da economia. Por um motivo muito simples: não entendia porque, com tantas condições favoráveis de clima e solo, devíamos comprar de Estados vizinhos cerca de 80% do nosso consumo. É claro que os produtos chegavam ao Rio com os preços inflados pelos custos do transporte.

  • A morte e a morte de “O Ateneu”

    A obra “O Ateneu” é um dos clássicos da literatura brasileira. O trabalho do escritor fluminense Raul Pompéia foi lançado em 1888, justo na fase de transição entre a monarquia e a república, de paixões exacerbadas. É natural que o livro reflita esses sentimentos. Na série, “Brasil, Brasis”, a Academia Brasileira de Letras entendeu que seria oportuna a discussão do livro e suas repercussões até os dias de hoje. Entregou-nos a tarefa, ao lado dos especialistas Evanildo Bechara e Domício Proença Filho.

  • A aula do futuro

    Não se tem muita certeza a respeito das razões pelas quais tantos jovens abandonam o ensino médio. Nem se sabe ainda, com segurança, porque dois milhões de inscrito nos exames do Enem deixaram de comparecer às provas. O que se desconfia é que há um certo enfado com relação ao modelo de aprendizado. As aulas dos nossos professores, em geral lineares, deixaram de despertar o entusiasmo de outrora. A utilização da informática, como elemento motivador, ainda não passa de quimera inatingível, para a grande maioria das escolas.