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Artigos

  • Mário de la Mancha

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 19/08/2006

    Mário Mendonça, o maior pintor sacro contemporâneo do Brasil, tem feições e o porte que lembram quem foi, na ficção de Miguel de Cervantes, o fidalgo D. Quixote de la Mancha, cavaleiro da triste figura e proprietário único de diversos sonhos impossíveis.Daí não constituir surpresa a atração do nosso artista, justamente homenageado pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, com a medalha Pedro Ernesto, pelo que representou a sua fidelidade a D. Quixote, que pintou 38 vezes, de formas diferentes, para compor uma de suas mais bem sucedidas exposições. Tivemos o privilégio de ser uma espécie de curadores da homenagem prestada, na Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro, aos 400 anos da obra-prima de Cervantes, retratando a bela e generosa alma do pintor que, depois do êxito, doou parte dos desenhos para instituições culturais, com o natural compromisso de sua conservação, para garantir o acesso à merecida posteridade.Na ocasião, comoveu-nos a apreciação de Ana Lígia Medeiros: "O traço elegante e comovente de Mário Mendonça leva o observador a caminhar lado a lado com os cenários e sentimentos que retratam a viagem entre o sonho e a realidade, empreendida pelo sempre memorável cavaleiro andante." Os desenhos são de tamanhos variados efeitos a nanquim, extrato de nogueira, guache e lápis de cor sobre papel I. Fabian.O trabalho deste carioca ilustre - do qual nos orgulhamos - foram levados a Madri, ao lado de bem sucedidas pinturas à óleo por outra de suas paixões, a cidade mineira de Tiradentes, onde, aliás, dispõe de um estúdio bastante confortável. O comentário é de um dos mais famosos jornais da Espanha: "D. Quixote, além da óbvia homenagem à Espanha, assume o lugar do personagem favorito de Mendonça, o Cristo. É o homem do mundo, o herói alucinado, portador de inquestionável grandeza, capaz de reformar um conceito de vida." Houve um incrível sucesso de vendas e, como sempre faz, o pintor carioca destinou os resultados financeiros à APAE de Tiradentes, para reforço às suas atividades assistenciais.Mário tem notoriamente um espírito ecumênico, demonstra os seus sentimentos nas reuniões mensais do Conselho Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde o convívio prazeroso representa também um claro aprendizado. Foi dele que partiu a insistência para que fosse criado o Museu de Arte Sacra do Rio de Janeiro, a fim de evitar que peças históricas fossem roubadas das igrejas cariocas. Hoje, ainda modesto, o Museu é uma realidade, na paisagem do centro do Rio de Janeiro.Nossa amizade tem ainda outra vertente. Sabedor que estava finalizando os originais do livro "O martírio de Branca Dias", ofereceu, de coração, a colaboração na feitura da capa e de alguns desenhos do miolo da obra, que a valorizaram imensamente. Livro ilustrado por Mário Mendonça é uma sublime preciosidade. Daí o comentário feito na abertura da obra, que será lançada pelo Centro Universitário FMU, em São Paulo: "Artista de muitos prêmios nacionais e internacionais, Mário Mendonça representa na capa a heroína olhando para o alto, com seus lindos olhos verdes, como se apelasse ao Senhor para coibir a violência dos atos da Inquisição."A realidade luminosa de Mário Mendonça encontrou inspiração em Jesus Cristo, talvez o seu momento mais alto de plenitude, na elaboração das obras que marcaram a carreira brilhante de Mário Mendonça. Ele merece, por suas atividades, as homenagens carinhosas da sociedade brasileira, que dele se orgulha.

  • Ainda resta uma esperança

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 12/08/2006

    A sociedade costuma tomar conhecimento de crimes e seus respectivos julgamentos, o que se faz em geral de forma ruidosa. Depois, o silêncio. Qual o destino dos internos que se encontram, aos milhares, nos presídios brasileiros? O que fazem para passar o tempo? A educação seria uma forma de, quando de volta à vida comum, cada um deles ter uma chance de resgatar o convívio? O contrário seria na certa regresso à marginalidade, com as suas tristes conseqüências.No Rio de Janeiro, por iniciativa da Secretaria de Administração Penitenciária e da Secretaria de Estado de Educação, realiza-se um trabalho social de primeiríssima ordem. Há escolas em funcionamento dentro dos presídios e mais oito estão sendo construídas, para propiciar aos internos nada menos de três mil vagas de acesso à educação regular.Na visita ao presídio Elizabeth Sá Rego, em Bangu, foi possível tomar conhecimento desse esforço, liderado pelo dr. Astério Pereira dos Santos. No prazo recorde de três meses, com materiais produzidos pelos detentos e com os custos (baratos) cobertos pela SEE/RJ, estão sendo erguidas as escolas mencionadas, com o propósito de oferecer à população carcerária a oportunidade de uma educação que lhes faltou, desde cedo. Com uma particularidade assegurada pelos educadores empenhados nesse processo: um ensino de qualidade, com a garantia de um viés profissionalizante. Todos estudarão para ter, ao fim do curso, pelo menos uma profissão que lhes garanta, no futuro, a participação no mercado de trabalho.Ao lado disso, estão sendo inauguradas diversas salas de leitura. Tivemos a oportunidade de verificar, com os nomes de escritores consagrados, como Antonio Torres, Heloísa Seixas e Guilherme Fiúza, todos presentes à pequena solenidade promovida pelo Instituto Oldembrug. Vivemos momentos de grande emoção quando o interno José de Araújo Lima, de 52 anos de idade, leu o discurso que preparou para a ocasião, ele que dirigirá a primeira Sala de Leitura. Foi uma peça muito bem construída, com a plena consciência da situação em que ele e seus colegas se encontram, mas com a esperança presente da liberdade sonhada, depois de cumpridas as penas determinadas pela Justiça.

  • A universidade brasileira

    A Gazeta (Vitória - ES), em 28/07/2006

    O ensino superior está em crise – e das mais sérias da minha longa carreira de educador.Chegamos com distorções variadas a cerca de 5 milhões de universitários, número que nos deixa atrás de nações próximas, como a Argentina, o Chile e o México. Temos cerca de 17 mil cursos, 67% dos quais destinados a formar para profissões regulamentadas. A vontade oficial de controlar tudo (ou quase tudo) é tamanha que, no recente decreto-ponte do Ministério da Educação, utiliza-se diversas vezes a palavra "catálogo", o que é inusitado em documentos desse gabarito. Catálogo tem características de tempo curto, de retrato efêmero de uma realidade, não pode ser levado a sério.Pensa-se pouco no conteúdo da educação, sendo comum jovens chegarem ao diploma salvador sem os mínimos conhecimentos básicos, especialmente em História, Literatura, Ciências, sem nos aprofundarmos na tragédia que representa, pelos seus resultados, o desconforto com que é tratada a Língua Portuguesa. Quantos advogados falham primariamente na elaboração de um parecer? Tudo ocorre em função da volúpia da formação profissional de qualquer jeito, quando isso não é mais tolerado no mundo desenvolvido. Defendemos a existência de um bom preparo humanístico e tecnológico, necessariamente nessa ordem, para inserir o país na Sociedade do Conhecimento. Por enquanto, a caça ao diploma, a qualquer preço, empolga a comunidade universitária. Ainda não existe uma percepção bem clara de que as coisas estão mudando, os jovens querem cursos mais curtos, exigem melhor ensino enquanto vêem sua poupança definhar. Preenchemos as vagas dos filhos das classes A e B. Agora, é a vez dos desprovidos de recursos financeiros, característica das classes C e D. São os interessados no ensino superior, mas que não podem pagar mais do que 300 reais de mensalidade.Com a natural conformação dos tempos, as escolas superiores privadas, que correspondem a 75% do total, sujeitam-se ao fenômeno do mercado. Reduzem os preços e, conseqüentemente, a qualidade do ensino, pois recrutam professores menos qualificados, em geral sem mestrado e doutorado. Caímos em pleno círculo vicioso. O governo exige melhor qualificação dos mestres, para isso tem o respaldo da LDB, mas a realidade é outra. O recrutamento dos professores se faz sem os devidos cuidados, pois não há recursos para pagar adequadamente. Vive-se hoje uma aguda crise financeira, de um lado sacrificando o empenho das escolas oficiais, cansadas dos recursos minguados e de uma interpretação equivocada do que seja o conceito universal de autonomia. De outro lado, a perplexidade das escolas privadas.O decreto-ponte do MEC não corrige esses pontos, preocupando-se mais com o destino do PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) e uma discutível divisão interna de atribuições burocráticas, sacrificando as funções do Conselho Nacional de Educação, ora transformado em fórum de discussão dos nossos magnos problemas. Ou seja, virou figura de retórica.

  • A primeira em tudo

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 15/07/2006

    Esther de Figueiredo Ferraz foi a única mulher até hoje a ocupar a pasta do Ministério da Educação e Cultura, o que ocorreu no Governo João Figueiredo, em 1982, ficando a seu crédito uma questão emblemática: aprovou a Emenda João Calmon, ampliando os recursos destinados à educação, em todos os níveis de ensino. Ficou no MEC quase três anos. Entrou trazendo esperanças. Saiu sob aplausos dos estudantes, dos seus colegas professores e de políticos das mais diversas facções.Foi também a primeira a integrar o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, a primeira Secretária de Estado de Educação de São Paulo, a primeira reitora de Universidade na América Latina (Mackenzie, em 1965) e a primeira mulher a dar aula no curso de Direito da USP (década de 50).Temos excelente lembrança dos tempos vividos por ela como membro do então famoso Conselho Federal de Educação. Conviveu 12 anos com alguns dos melhores educadores de todos os tempos, autores de pareceres que até hoje são recordados, como reflexo de competência e de sabedoria.A Dra. Esther costuma recordar com muita simplicidade, como é o seu estilo, que foi alfabetizada aos 5 anos de idade, brincando com as letras e os números. Marcou sua vida pelo pioneirismo bem sucedido e respeito muito grande pelos seres humanos. Professora de ensino médio de Português, Francês, Latim e Matemática, foi licenciada em Filosofia pela Faculdade de São Bento.Assim chegou à imortalidade, entrando para a Academia Paulista de Letras, onde hoje é uma das figuras mais proeminentes. Além disso, continua trabalhando no seu escritório de advocacia, em São Paulo.Data de 1961 o título de professora de Direito Judiciário Penal da Faculdade de Direito da Faculdade Mackenzie. Pertence ao Instituto Histórico e Geográfico, onde todos fazem questão da sua companhia, e recebeu, ainda, numa solenidade de que fui testemunha, o Prêmio Professor Emérito - Troféu Guerreiro da Educação, oferecido pelo jornal "O Estado de São Paulo" e o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).

  • Rio de Janeiro de volta à liderança

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 12/07/2006

    Houve tempo em que o Rio de Janeiro, antes da fusão, orgulhava-se de deter o melhor índice médio de instrução do país. O fato era elogiado pelos maiores educadores brasileiros, muitos dos quais viviam aqui mesmo, na Cidade Maravilhosa. Entre eles, Anísio Teixeira, Almeida Jr., Lourenço Filho e Fernando de Azevedo.

  • Com estudo, a chance aumenta

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 08/07/2006

    O Censo Escolar da Educação Básica 2005 mostra um fenômeno que chama a atenção dos educadores: amplia-se o número de matrículas nos cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou seja, das pessoas com mais de 18 anos que voltam à escola para completar os 11 anos do ciclo básico, quando não para concluir os oito ou nove anos do ensino fundamental. Na Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro temos ampliado essas oportunidades, sobretudo no interior fluminense, para que não fique tanta gente assim fora da escola. Hoje, no Brasil, a EJA atende a quase 3 milhões de estudantes.Temos debatido o assunto com profissionais do porte de Luís Gonzaga Bertelli, presidente executivo do CIEE de São Paulo. Sua preocupação abrange a soma dos analfabetos puros e funcionais, que estão na base desse processo e que constituem, verdadeiramente, um poderoso entrave ao nosso desenvolvimento econômico e social. Aí surge o conceito de responsabilidade social das empresas, que se consubstancia nas ações voltadas para a educação.O CIEE, nos últimos cinco anos, ampliou o número de organizações parceiras na concessão de estágios para estudantes de ensino médio. No país inteiro, o crescimento alcançou mais de 55%. Busca-se beneficiar jovens acima de 16 anos de idade, matriculados no ensino médio e, na maioria, pertencentes a famílias menos favorecidas social e economicamente.É um incentivo dos mais fortes, conforme testemunho de pais e professores, satisfeitos com os resultados alcançados. Não só os alunos adquirem maturidade, com essas ações, mas um melhor desempenho escolar, o que ampliará as oportunidades de emprego.Assinala-se um crescimento palpável nas cidades do interior, principalmente no eixo Rio-São Paulo, com a instalação de plantas industriais de grande capacidade de absorção de mão-de-obra qualificada. O embaraço para o crescimento não pode estar na falta de recursos humanos e os jovens perceberam que, estudando, as chances são naturalmente maiores.Assim, o estágio tornou-se um poderoso instrumento estratégico para esses alunos, que, além do mais, recebem uma remuneração, caracterizada por bolsas-auxílio mensais. A importância desse procedimento é muito grande, pois isso evita que os jovens sejam levados a se retirar da escola, onde está o seu futuro, por pais que necessitam da sua ajuda, por exemplo, nos tempos de colheita, para uma ação episódica. Daí para engrossar a economia informal é um passo que pode associar a ampliação dos números da violência que atinge sobretudo nossas grandes periferias urbanas.Ninguém pode ter a pretensão de resolver os grandes problemas da educação brasileira com uma ou duas medidas de impacto. Na verdade, nem no intervalo estrito de um mandato presidencial. Mas há que se tomar conhecimento de toda a realidade do setor mais badalado das campanhas e fazer o que for possível para repetir experiências exitosas de países industrializados.

  • A rainha Esther

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/07/2006

    Foi com muita emoção que o UniFMU, comandado pelo professor Edevaldo Alves da Silva, concedeu o título de professor honoris causa à figura respeitável de Esther de Figueiredo Ferraz, que freqüentou salas de aula, distribuindo o seu notável saber especializado em direito penal a milhares de alunos, deixando uma lembrança indelével. Ela teve a vida caracterizada por uma série de primeiros lugares, a partir de sua própria mãe, que, em 1907, foi a primeira mulher a tornar-se dentista em nosso país. A dra. Esther é a única mulher até hoje a ocupar o Ministério da Educação e Cultura, o que ocorreu no governo João Figueiredo, em 1982, ficando a seu crédito uma questão emblemática: aprovou a emenda João Calmon, ampliando os recursos destinados à educação, em todos os níveis de ensino. Ficou no MEC quase três anos. Entrou trazendo esperanças. Saiu sob aplausos dos estudantes, dos seus colegas professores e de políticos das mais diversas facções. Foi também a primeira a integrar o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, a primeira secretária de Estado da Educação de São Paulo, a primeira reitora de universidade na América Latina (Mackenzie, em 1965), primeira mulher a dar aula no curso de direito da USP (década de 50), quando ocorreu um fato digno de registro. Preparou-se para a primeira aula, mas ficou nervosa. Temia pela recepção dos alunos. Dirigiu-se à turma com firmeza, os alunos se levantaram e bateram palmas. Na mesa da mestra, havia uma colorida maçã, com um bilhete: "An apple for the teacher" (uma maçã para a professora). Todos caíram na gargalhada, embora na época fosse raro encontrar mulheres nas universidades. Temos excelente lembrança dos tempos vividos por ela como membro do então famoso Conselho Federal de Educação. Conviveu 12 anos com alguns dos melhores educadores de todos os tempos, autores de pareceres que até hoje são recordados, como reflexo de competência e de sabedoria. A dra. Esther costuma recordar com muita simplicidade, como é o seu estilo, que foi alfabetizada aos 5 anos de idade, brincando com as letras e os números. Marcou sua vida pelo pioneirismo bem-sucedido e respeito muito grande pelos seres humanos.

  • O cacoete do gerúndio

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 01/07/2006

    Caminhando, apesar do gerúndio, foi uma canção de muito sucesso. A canção marcou época, na voz do seu autor, Geraldo Vandré. Até hoje é muito lembrada. Essa história de empregar o gerúndio, na língua portuguesa, nem sempre é bem recebida. Ao contrário, há certa ojeriza por essa forma verbal. A razão não é bem conhecida.Há épocas em que o gerúndio fica quieto no seu canto. Tipo dor lombar, que só aparece de vez em quando. Estamos vivendo um período de recrudescimento do gerundismo e, naturalmente, as reações são as de sempre. Um grande mal estar tomou conta da praça, como se a praga vernacular devesse ser eliminada o mais rápido possível.A mania vem, principalmente, das empresas operadoras de telemarketing, hoje com 630 mil profissionais. Não se trata de certo ou errado, como a nossa imprensa quis qualificar, mas de adequado ou não adequado. Reparem: "Vamos estar transferindo sua ligação." - diz a representante da empresa de call center. Não seria muito mais simples e direto afirmar "Vamos transferir a sua ligação?" Outras são mais enroladas ainda: "Vamos estar podendo confirmar seu pedido." Ou "A empresa vai estar enviando sua compra." Por que esse circunlóquio, essa volta desnecessária?Já existe até uma cartilha em preparo para amenizar esse vício. Aliás, os seus organizadores vão aproveitar o embalo e tentar colaborar para evitar outros erros corriqueiros, como acontece em regências, concordâncias, acentuação e pontuação. Quantos de nós estamos nos habituando a ouvir a palavra "rúbrica" em vez de rubrica? E o popularíssimo "gratuíto" que tanto incomoda os nossos ouvidos?A cartilha, em três versões, será distribuída por escolas públicas estaduais e municipais. É mais ou menos como uma campanha contra a dengue, que exige cuidados especiais. Com direito até a camionete que espalha pela região afetada o pó salvador, o que mata o mosquito. Em nosso caso, um antídoto contra os cacoetes de linguagem, hoje lamentavelmente incorporados à forma como se ensina a língua portuguesa em todo o país. Há graves lacunas, algumas específicas de determinadas regiões, mas no conjunto a exigir uma ação enérgica de correção por parte das autoridades que ainda amam a língua "inculta e bela" no dizer do poeta, que herdamos dos nossos colonizadores.Um bom conselho que se pode dar aos organizadores dessas campanhas é a dessacralização do livro. Torná-lo mais popular, bem mais, para que seja alvo do interesse do público jovem. Se não se cria um hábito, que pelo menos nasça o gosto pela leitura, que o livro seja um bom companheiro dos jovens, em todos os momentos. Ocorre-nos a lembrança de repetir o que se faz no México, nos trens do seu metrô. Coloca-se à disposição dos passageiros livros na entrada do vagão, livros de bolso, mas de bons autores, para serem manuseados durante as viagens. Quando salta, o passageiro se obriga, disciplinadamente, a devolver o volume, recolocando-o numa prateleira. Assim, todos têm acesso democrático ao livro, podendo complementar a sua leitura, se for o caso, em duas ou três viagens. Por que não se adota esse procedimento em nosso sistema metroviário?Recordemos Miguel de Unamuno: "Ler, ler, ler, viver a vida que outros têm sonhado/ ler, ler, ler, a alma se esquece das coisas que passaram." A leitura é o espaço da originalidade, não percamos isso de vista.

  • Por quem tocam os tambores de São Luís

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/03/2006

    Josué Montello era um narrador excepcional. O autor da frase é Alceu Amoroso Lima, por muitos considerado o maior dos nossos críticos literários. De fato, o escritor maranhense, autor de mais de cem livros, foi uma das mais férteis e bem-sucedidas carreiras da literatura brasileira.Conseguiu o milagre de aliar a sua inequívoca vocação literária com uma série de belas incursões na vida pública, em que acumulou bons serviços a Juscelino Kubitschek na Presidência da República, na direção da Biblioteca Nacional e na Embaixada do Brasil na Unesco, em Paris. A que se pode agregar os dois anos de presidência da Academia Brasileira de Letras, sucedendo Austregésilo de Athayde, e realizando uma obra fundamental de restauração da Casa de Machado de Assis.

  • A liberdade de expressão

    Diário do Comércio (São Paulo), em 17/03/2006

    Não se deve confundir liberdade com liberalidade de imprensa. A imprensa - denominada o Quarto Poder, depois do governo, do clero e do exército - nem sempre está a salvo de críticas. Já em 1920, numa conferência agora lançada em livro, A imprensa e o dever da verdade , Rui Barbosa declarava, falando com endereço certo: “Um país de imprensa degenerada ou degenerescente é portanto um país cego e um país miasmado, um país de idéias falsas e sentimentos pervertidos, um país que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios que lhe exploram as instituições .”

  • A magia do livro

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 12/03/2006

    O papel do professor mudou. Além da preocupação com conteúdos ele tem por obrigação educar cidadãos capazes de pensar, criticar e construir as suas próprias vidas, numa sociedade cada vez mais complexa.

  • A magia da escola

    Diário do Comércio (São Paulo), em 10/03/2006

    O papel do professor mudou. Além da preocupação com conteúdos ele tem por obrigação educar cidadãos capazes de pensar, criticar e construir as suas próprias vidas, numa sociedade cada vez mais complexa.

  • O estilo ferreirês

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 05/03/2006

    O estilo é o homem. Se não foi o escritor francês Buffon que disse isso, pelo menos pensou. Hoje, há uma busca desenfreada pela originalidade, na fala da língua de grandes oradores como Rui Barbosa e Alcides Carneiro.

  • 60 anos de CNC

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 25/12/2005

    Antonio Oliveira Santos foi homenageado pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro com a concessão da sua maior láurea, a Medalha Tiradentes. Uma bonita e concorrida solenidade, presidida pelo deputado Jorge Picciani (PMDB), em que igualmente foram comemorados os primeiros 60 anos da Confederação Nacional do Comércio.

  • Homem múltiplo

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 18/12/2005

    É difícil administrar a educação numa cidade do porte de São Paulo. A população é altamente expressiva, com bolsões de atraso em boa parte fruto da migração interna muito intensa, sobretudo do Nordeste. Mesmo assim, o médico, educador e pesquisador José Aristodemo Pinotti utiliza toda a sua experiência, que não é pouca, para encontrar as melhores soluções que atenuem a gravidade dos problemas encontrados. Ele foi reitor da Unicamp, com brilhante atuação, razão pela qual nada lhe é estranho, nessa área, onde tem ainda a vivência da presidência do Instituto Metropolitano de Altos Estudos, cujas pesquisas têm se revelado muito positivas na conquista da qualidade entre os alunos da UniFMU.