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Artigos

  • Sétima palavra: casamento

    Termino hoje a série de sete palavras (milagre, tortura, prece, sofrimento, conselho, xenofobia, casamento) que considero extremamente relevantes para o nosso tempo, e que pedi que meus leitores comentassem. Para quem desejar ter uma idéia geral, visite www.paulocoelhoblog.com > Discuss.

  • Meditação e prece

    Meditação e prece são distintas. Um homem reza ao precisar de algo ou quando deseja agradecer. Durante a prece, estamos conscientes de nossos pensamentos e de nossas necessidades. Não há nada de errado nisso. Na meditação, o objetivo é afastar o pensamento e entregar-se ao que Krishnamurti chama de luz mental. Procura-se entrar em contato com Ágape, a palavra grega para definir um amor que está além de qualquer sentimento de “gostar” ou “não gostar”. A prece é um segredo partilhado com Deus. A meditação nada mais é do que um encontro com o anjo.

  • As rochas do jardim

    Um dos grandes monumentos Kyoto é um enorme jardim com 15 rochas e areia. Mas o jardim original tinha 16 rochas. Assim que o jardineiro terminou sua árdua tarefa de cuidar do lugar, chamou o imperador para ver sua obra: “Magnífico”, disse o imperador, continuando: “Com certeza é o mais lindo de todo o Japão. E esta rocha é a mais bela do jardim”. O jardineiro retirou logo do jardim a pedra que o imperador elogiou e disse: “O jardim, assim como a vida, precisa ser visto inteiro. Se nos detivermos na beleza de apenas um detalhe, todo o resto parecerá feio”.

  • O suicídio da alma

    Existe mais de uma maneira de se cometer suicídio. A prática não ocorre somente quando damos fim a nosso corpo físico, mas está presente também nas atitudes que tomamos em relação a nossa alma todos os dias de nossa vida. Ao ler isso, você deve responder: “A diferença é que os que tentam matar o corpo ofendem a lei de Deus”. Eu concordo, mas é preciso lembrar que aqueles que tentam matar a alma também ofendem a lei de Deus do mesmo jeito, embora seu crime seja um pouco menos visível aos olhos do homem e da sociedade em geral.

  • A planta do jardim

    O discípulo disse ao mestre: “Passo o dia inteiro pensando coisas que não devia pensar, desejando coisas que, na verdade, não devia desejar”.

  • Na margem do rio Adour

    “Quando tiro os óculos, ainda posso ver o caminho. Não posso ver os detalhes, mas posso ver o caminho”.Diz minha mulher, com miopia de + 6,5 graus, enquanto andamos por um campo de milho, nestas férias européias.

  • A palavra escrita

    Escreva. Seja uma carta, um diário ou algumas anotações enquanto fala ao telefone. Mas escreva. Escrever nos aproxima de Deus e do próximo. Se você quiser entender melhor seu papel no mundo, escreva. Procure colocar sua alma por escrito, mesmo que ninguém vá ler o material produzido ou, o que é pior, mesmo que alguém termine lendo o que você não queria. O simples fato de escrever nos ajuda a organizar o pensamento e ver com clareza o que nos cerca. Um papel e uma caneta operam milagres. A palavra tem poder. E a palavra escrita tem mais poder ainda.

  • Discussão e brigas

    Dois sábios conversavam: “Vamos brigar para que não nos afastemos do ser humano”, disse o primeiro. “Não sei nem como começar uma briga”, falou o segundo. “Façamos o seguinte: eu coloco este tijolo aqui e você diz: ‘é meu’. Eu digo que não e nós dois começamos a discutir até brigar”. Assim os dois fizeram. Mas logo um deles disse: “Não percamos tempo com isto, pegue logo o tijolo”. “Sua idéia para a briga não foi nada boa”, disse o outro. “Ao ver que a alma é imortal, é impossível brigar feio e até mesmo discutir por causa de pequenas coisas”.

  • A filosofia e o jardim

    O filósofo alemão Shopenhauer andava por uma rua tranqüila em busca de respostas para várias questões que o angustiavam há muito tempo. De repente, ele deu de cara com um jardim muito bem cuidado e ficou horas seguidas olhando as flores, inerte com tamanha beleza. Um vizinho viu o comportamento estranho daquele homem e tratou logo de chamar a atenção da Guarda. Minutos depois, um policial se aproximou. “Quem é o senhor?”, quis saber o policial. Shopenhauer disse: “Se o senhor souber responder a esta pergunta eu lhe serei grato”.

  • O dilema

    A galinha observava o faisão à distância sempre que podia. O pobre animal passava dias seguidos com fome, tinha muita dificuldade de encontrar água e nem sempre achava um lugar confortável onde pudesse dormir. Certa tarde, a galinha aproveitou uma oportunidade e resolveu conversar com ele. “Veja como estou bem”, disse ela para o faisão. “Tenho um dono que me cuida, um lugar para beber água quando quero e sempre me colocam milho suficiente para comer com fartura. Por que você não experimenta levar o meu tipo de vida?”

  • O sábio ermitão

    O abade Abraão soube que perto do mosteiro de Sceta havia um ermitão com fama de sábio. Foi procurá-lo e logo perguntou: “Se hoje você encontrasse uma bela mulher em sua cama, conseguiria pensar que não era uma mulher?”. “Não”, disse o eremita, continuando a frase: “mas sei que conseguiria me controlar”. O abade insistiu com os questionamentos: “Então vamos imaginar uma outra situação inusitada. E se você fosse procurado por dois irmãos, um que o odeia, e outro que o ama, conseguiria achar que os dois são iguais?”. E o ermitão respondeu sem sequer pestanejar: “Tenho a certeza de que, mesmo sofrendo por dentro, eu trataria o que me ama da mesma maneira que o que me odeia”. “Vou lhes explicar em pouquíssimas palavras o que é um sábio”, disse o abade aos seus noviços, quando voltou. E completou: “É aquele que, ao invés de matar suas paixões, consegue controlá-las”.

  • Lendas do deserto

    Conheci Yasser Hareb durante um encontro em Paris. Discutimos muito sobre a última ponte intacta em um mundo cada vez mais dividido: a cultura. Apesar de tudo que estamos vendo, ainda existem valores comuns, e isso pode nos ajudar a compreender nosso próximo. Pedi a Yasser que escrevesse algumas histórias de sua região, que transcrevo (resumidos) a seguir. Por que está chorando?

  • Pequenos prazeres

    Está certo que devemos cuidar de nosso corpo. Está certo que devemos aproveitar nosso tempo. Mas não devemos esquecer que a vida é composta de pequenos prazeres. Eles foram colocados aqui para nos estimular, nos ajudar em nossa busca, nos dar momentos de repouso, enquanto travamos as batalhas diárias. Não existe nenhum pecado em ser feliz. Não existe nada de errado em, uma vez ou outra, transgredir certas regras de alimentação ou de alegria. Não se culpe se, de vez em quando, você perde tempo com bobagens. São os pequenos prazeres que nos dão grandes estímulos.

  • Pneu furado

    Quando eu era criança, essa história era apenas uma piada. Mais tarde, descobri que muitas vezes agimos assim. “Um sujeito está dirigindo uma luxuosa Mercedes Benz quando o pneu fura. Ao tentar trocá-lo, descobre que falta o macaco. ‘Bem, vou até a primeira casa e peço emprestado’, pensa ele: ‘Talvez, o sujeito, vendo meu carro, queira me cobrar algo pelo macaco’, diz para si mesmo logo depois. ‘Um carro como este e eu precisando de macaco... Vão querer me cobrar uns R$ 20, pelo menos. Não, talvez cobrem até R$ 50. O cara vai perceber que estou numa grande furada. Já vi tudo, vai aproveitar e tentar me tirar R$ 100’.

  • Péssima fama

    As pessoas repararam que o rabino Shelomo começou a passear por lugares de péssima fama. Os fiéis começaram a pensar e comentar que o rabino havia abandonado a busca espiritual e que agora só desejava divertimento. As conversas circularam e ninguém mais queria freqüentar a sinagoga. Um rapaz resolveu advertir o rabino: “O senhor freqüenta lugares suspeitos e as pessoas não gostam disso”. O rabino responde ao jovem: “Se você quer tirar um homem da lama, não basta estender a mão de longe. A solução é também entrar na lama e puxá-lo para fora”.