Que a inflação é um mal com o qual temos que conviver, isto é sabido por todos que têm um orçamento a gerir. Mas a inflação desordenada, essa que está freando as vendas no Norte e Nordeste, essa nós a conhecemos desde o passado longínquo, nas marcas que ela deixou na lembrança de todos, que sofreram naqueles dias sinistros, quando nem as corretoras davam solução à desvalorização da moeda em sua velocidade desordenada.
Agora, a inflação começa a mostrar os sinais da imprecisão do governo em segurá-la. Daí ela ser um caso de desvalorização econômica, será preciso corrigir sem demora o rumo econômico, a menos que não reconheçamos mais os dias sinistros do passado recente, principalmente no governo Sarney. Um jornal paulista de grande circulação informa que a inflação já afeta 71% dos preços pesquisados, e em outro jornal a inflação freia vendas no Norte e no Nordeste.
Esse fenômeno - a inflação - já deveria ter sido amortecido com suavidade, para não abalar o orçamento dos pobres, pois os ricos têm recursos que escapam dos nossos olhos. Efetivamente, quem sofre com a inflação são mais os pobres, pois os orçamentos domésticos não têm elasticidade para suportar uma inflação violenta que freia vendas e que já recai sobre 71% dos produtos pesquisados.
Reconhecemos que a maioria dos economistas está assustada com a inflação e, embora considerem lugar-comum na economia, não se conforma em tê-la viva e atuante na desvalorização da moeda e, evidentemente, na alta dos preços, sobre tudo de artigos de primeira necessidade - vale dizer, os alimentos. Daí a convivência com a fome, pois ela obriga a rever o orçamento doméstico do pobre, equacionando-o com a situação geral de preços altos e salários inelásticos para alcançá-los.
Isso quer dizer que também há inflação nos países desenvolvidos, porém, não na dimensão dos países subdesenvolvidos como o nosso, apesar de todas as reformas havidas na economia para melhorá-la e adequá-la às necessidades internacionais.
O fenômeno é mundial, reconhecemos, tendo chamado a atenção dos maiores economistas do mundo, mas não cedeu aos trabalhos dos que se dedicaram a combatê-lo.
Ficam aqui nossas considerações, acumuladas depois de tantas e prolongadas inflações, que nos apoquentaram a pele.
Diário do Comércio (SP) 17/6/2008