Foi impressionante a vitória de Barack Obama, senador negro de 46 anos que conseguiu vencer a disputa pela indicação democrata às eleições presidenciais nos EUA. Note-se que foram apenas as prévias e que o concorrente mais próximo, a senadora Hillary Clinton, resistiu até o último round.
Os EUA são governados por um sistema eleitoral complexo e de difícil compreensão para os brasileiros. Têm as eleições prévias, em que Hillary Clinton foi derrotada por sua presunção, como garantiram os analistas do pleito. Vejamos agora o que o futuro dirá, se Barack Obama vier a disputar a eleição com John McCain, candidato indicado pelos republicanos.
É preciso notar que os EUA não encerraram com lei a fervente questão dos direitos civis, consagrados por lei no governo de Lyndon B. Jonhson. O senador negro, com todos os quesitos que ornam a sua personalidade, pode reabrir a questão dos direitos civis e deflagrar uma onda contra a sua candidatura à presidência dos EUA; será o encontro entre a lei e os meios de comunicação.
A Casa Branca está ainda longe dos dois candidatos e tudo ficará para ser resolvido mais tarde pelo eleitorado americano.
Harold Laski, ex-primeiro ministro da Inglaterra e ex-presidente do Partido Trabalhista britânico, escreveu um delicioso livro sobre o sistema presidencial, que aqui cito como indicação. O sistema político inglês é mais cômodo do que o americano, como o nosso também é, mas a verdade é que os EUA construíram uma democracia sobre leis de difícil popularização e, portanto, de difícil compreensão, a não ser para os chefes políticos, que abundam nas eleições primárias e secundárias norte-americanas.
Temos agora novo exemplo na vitória de Obama e na derrota de Hillary. Isso não quer isto dizer que Obama já chegou à Casa Branca e que Hillary dela não guarde memória. Com todas as dificuldades apontadas no texto da lei americana, eles cultivam uma democracia exemplar que não foi derrubada por nenhuma revolução, nem pela terrível Guerra Civil.
Era o que eu tinha a dizer sobre a vitória de Obama e a derrota de Hillary.
Diário do Comércio (SP) 9/6/2008