Luiz Fernando Verissimo, filho do também escritor Erico Verissimo, é um dos maiores vendedores de livros do Brasil. Das suas mais de 50 obras publicadas, registra-se a venda de 5 milhões de unidades, com absoluta primazia para o seu “O analista de Bagé”, que passou de 100 edições. É um raro fenômeno literário, num país que ainda lê pouco.
Com o seu espírito irônico, Verissimo não acredita na superação do livro impresso: “Os livros eletrônicos não têm calor humano”. É uma forma de garantir a perenidade dos livros no formato tradicional, tão sensível ao hábito de milhões de leitores, no mundo inteiro.
Numa bela solenidade, em São Paulo, o autor de “Em algum lugar do paraíso” recebeu da Sociedade dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém o Troféu Scopus 2011. Tive o privilégio de fazer a entrega do prêmio, em nome do presidente Jaime Blay, e ainda por cima dizer algumas palavras de saudação ao homenageado.
Sempre é difícil elogiar alguém de corpo presente, ainda mais quando esse alguém é caracterizado por uma enorme timidez. Mas fiz o possível para não decepcionar o público, focalizando algumas das obras de pai e filho (Erico e Luiz Fernando Verissimo). Lembrei, na ocasião, o sucesso das obras de Erico Verissimo, especialmente a trilogia “O tempo e o vento”, com a lembrança do trabalho magnificamente transposto para a televisão (Rede Globo), alcançando notáveis índices de audiência.
No caso de Erico, foi um grande amigo do povo judeu. Visitou o Estado de Israel e fez uma enorme pregação em defesa da paz na região, defendendo o completo entendimento entre os povos concernentes. Escreveu o livro “Israel em abril”, mostrando tantos aspectos positivos da jovem nação que a obra se tornou uma grande referência turística.
O filho Luiz Fernando, no ano de 2007, também esteve no Estado de Israel, representando o pai numa série de homenagens à sua memória. Repetiu o desejo de paz e concórdia.
Ao falar na solenidade, Verissimo elogiou a instituição premiadora: “A Universidade Hebraica de Jerusalém, pelo seu prestígio internacional e pela sua associação com grandes entidades, em todo o mundo, recupera o sentido original da palavra “universitas”. Ela é uma verdadeira cidadela da razão. E a razão prevalecerá”. E em outro momento: “Meu pai não tinha dúvidas de que o povo judeu, que afinal é o povo do livro, do pioneirismo científico e do amor à cultura, encontraria uma maneira de garantir a sua própria existência com segurança e paz, sem perder de vista a causa do outro povo da região. É nisso que eu também acredito”.
A Gazeta (ES), 2/1/2012