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As vaias

 

Há várias interpretações para as vaias. Que cada um encontre a de sua conveniência. No fim, não dará em nada.


Em 1930, no mês de outubro, Getúlio Vargas foi proclamado chefe do movimento revolucionário iniciado pelos gaúchos. Getúlio Vargas ficou com o poder absoluto durante quinze anos. Ao vencer a Revolução de 1930 impôs duras penas contra os inimigos de véspera, um deles Washington Luís, o presidente da República decaído (juntamente com o seu partido, o velho PRP), fulminado com a pena de exílio, por ele cumprida durante quinze anos, só voltando ao Brasil quando Vargas caiu.


No dia em que Washington Luís embarcou para o exterior a impressa lá estava, e ao perguntarem ao presidente o que ele tinha a dizer das vaias contra ele, respondeu: As vaias são uma adesão contra o altaneiro! E dirigiu-se para os seus aposentos no Forte de Guanabara. Em outra época, ouvi o governador Benedito Valadares receber uma estrondosa vaia que ele, mineiramente, engoliu como se não se fosse com ele.


Vaias sempre existiram, contra e a favor de governantes. É estranho que o presidente Lula esteja surpreso com as vaias que recebeu no Pan. Elas podem ser interpretadas como adesão e como repulsa - não tomo partido. No imenso eleitorado brasileiro há os que são a favor e os que são contra as manifestações . Há vaias que são aprovação dos contrários e vaias que são desaprovação dos aliados. Os políticos devem compreender a situação e se forem bem amineirados não darão importância ou darão importância relativa e responderão como puderem. Pelo que se vê, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se adaptou às vaias e se diz triste. Maneiras de ver podem ser favoráveis ou desfavoráveis à sua gestão presidencial, nesta época de escândalos, de roubalheiras e de outras ações informais nas verbas do oficialismo.


É o que tenho a dizer sobre as vaias que o presidente recebeu na abertura do Pan. Há várias interpretações para essa manifestação popular - cada um que encontre a que for de sua conveniência ou mesmo de sua paixão política. No fim, não dará em nada.


Diário do Comércio (SP) 18/7/2007