Pode-se considerar absurdo ligar o escândalo político e administrativo ao roubo de 150 milhões da agência do Banco Central em Fortaleza. Não hesito porém em fazê-lo.
Os ladrões tiveram audácia tecnológica - sem dúvida difícil para amadores, e não os vejo como tais - e esta foi possível, sem dúvida, a profissionais que estudaram durante muito tempo o terreno em que deveriam atuar.
Mas o que prova esse assalto é que a agência do Banco Central em Fortaleza não tem direção responsável e atualizada com a realidade nacional do crime organizado. É o que penso, e deste não saio.
Um túnel como o que foi escavado leva meses para ficar usável, pronto para receber os ladrões. Ainda mais, contra a direção do BC em questão, faltou à segurança do estabelecimento a astúcia necessária para adotar medidas capazes de afrouxar a decisão dos malfeitores.
Se puderam executar o plano tecnológico do túnel, que é obra de engenharia, foi por saberem que os guardas não estavam ou não estão preparados, segundo técnica policial, para exercerem a função.
Se ligo o roubo à crise que nos atanaza como brasileiros é por ver como o PT e seus fâmulos, cujos nomes circulam em todos os órgãos de comunicação, sacavam à vontade. Indivíduos sem competência para ganhar o salário mínimo apresentavam aos guichês de banco cheques de 100, 200 e mais milhões de reais, que lhes eram pagos em minutos. Os exemplos têm força psicológica magnética. Está aí a prova ou, se quiser, uma sugestão a ser aceita.
Agora, circula a notícia de que o BC quer jogar nas costas do pobre povo brasileiro esse roubo, como se fosse um imposto, e não numerário de caixa para as operações bancárias. Em suma, há culpados, embora não sintam a culpabilidade. Há uma irresponsabilidade de quem deveria ter tido cuidado com dinheiro do contribuinte, consignado ao BC para operações econômicas numa região do país.
É preciso encerrar, diante da avalanche de provas de inconseqüência em que vive o governo. Sim, é preciso punir os culpados, e não os afastar, nomeando-os para cargos fora do país, como é freqüente.
Diário do Comércio (São Paulo) 11/08/2005