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Uma festa em Purilândia

 

Seria refinado primarismo comparar e tirar conclusões sobre a educação que se pratica no interior do País e aquela que é própria dos grandes centros urbanos. As necessidades são distintas, o mesmo podendo ser dito a respeito do tempo destinado ao lazer. É claro que, nas cidades interioranas, com menos atrações como a praia, os shows, os cinemas, etc., sobra mais tempo para a leitura e a dedicação aos estudos. Isso exerce uma influência altamente positiva, sobretudo nas séries iniciais do ensino fundamental.



Veja-se o resultado do "Prova Brasil", do MEC, em que escolas públicas de quarta série, no sistema estadual, ganharam os primeiros lugares, nas cidades serranas de Trajano de Moraes e São Sebastião do Alto. As matérias foram Matemática e Língua Portuguesa. Os alunos, questionados, atribuíram o sucesso à dedicação deles e dos mestres, aos quais têm acesso dentro e fora da escola. É a vantagem de uma cidade pequena, em que todos são família ou amigos de longa data.



Tivemos o privilégio de sentir esse clima na visita ao distrito fluminense de Purilândia, em Porciúncula. O objetivo era inaugurar as benfeitorias da Escola Estadual Geraldino Silva. Depois de um investimento de perto de 1 milhão de reais, o estabelecimento de ensino ganhou biblioteca, cozinha, refeitório para 80 pessoas, sala de informática, banheiro para portadores de necessidades especiais, vestiários e uma bonita quadra coberta poliesportiva. A diretora Neusa Luquetti, feliz da vida, disse que "a escola nem parecia a mesma. Tudo novo, como merecem os nossos mais de 200 alunos."



Na confraternização com a comunidade, o deputado Jorge Picciani elogiou a banda de música, que acompanhou a solenidade com uma cadência muito própria. Não deixou de fazer uma justa referência ao patrono da escola Geraldino Silva, que doou o terreno para a construção do estabelecimento de ensino, existente desde o ano de 1952. É a única escola estadual da cidade, daí o carinho muito especial que merece da população local. Isso foi muito bem ressaltado em nosso discurso.



Antes da era do computador, naturalmente, havia maior isolamento. A distância dos grandes centros era um sério entrave, até mesmo para o necessário aperfeiçoamento de professores e especialistas. Hoje em dia, é comum encontrar laboratórios de informática nessas regiões, atraindo para a escola uma sucessão de conhecimentos outrora exclusivos de metrópoles renomadas.



Quem tem olhos de ver, numa visita dessas, embora por poucas horas, percebe a elevação da auto-estima da população. Abandona-se o sentimento de que o povo do interior é esquecido ou só é lembrado em época de eleições. O atendimento se faz de modo constante, de acordo com um bem elaborado plano de obras, que depende sobretudo da necessária liberação de recursos financeiros, o que se faz ao longo do ano.



O Noroeste fluminense é uma região rica, hoje valorizada por uma série de atividades agroindustriais. Esse movimento não prescinde de recursos humanos competentes, daí a nova vida que se abre para as escolas públicas municipais e estaduais. É tempo de transformação.


 


Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 05/08/2006