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Uma escola igual para todos

 

Foi a primeira aula magna da Escola de Ensino Médio do Sesc, no Rio de Janeiro. Quando Antonio Oliveira Santos anunciou a presença do Senador Cristovam Buarque, nas belíssimas instalações da Barra da Tijuca, os 176 alunos (96 mulheres e 80 homens), de idade variável entre 14 e 16 anos, prorromperam em demorados aplausos, repetidos ao final da conferência. Hoje, o nome do ex-governador do Distrito Federal é sinônimo de educação.


A conversa com os estudantes, oriundos de todos os Estados brasileiros (fenômeno único), foi das mais ricas da nossa experiência na área. Havia entusiasmo completo pela oportunidade de estudar numa escola de primeiro mundo, em tempo integral, com professores competentes e dedicados, além de uma perspectiva segura de transformar sonhos em realidade, no que se refere a pretensões profissionais. Expressões ouvidas no restaurante: “Quero fazer veterinária”, “Minha mãe sugeriu que eu estudasse odontologia”, e assim sucessivamente. Até que me defrontei com Matheus, que veio do Paraná: “Quero ser presidente da República.”


Diante do nosso espanto, o jovem de 15 anos explicou que, nascido no Pará, mas estudante  no Paraná, a sua ambição era mesmo ser presidente da República – e disso não fazia segredo. Admiramos a ambição do jovem e lembramos que uma boa escola, como se deseja, deve fazer todo o possível para formar líderes. Como vimos na Suffield Academy, nos Estados Unidos, que serviu de inspiração para a escola média brasileira, a primeira com tais características, em nosso país.


Depois do presidente da Confederação Nacional do Comércio afirmar que o seu objetivo é valorizar o sentimento de brasilidade, no espírito dos jovens estudantes, Cristovam Buarque demonstrou a crença de que, ali, será possível viver um novo tempo, totalmente diferente: “Vocês serão felizes, certamente obterão sucesso e exercerão importante papel social de liderança, nas transformações de que carece o Brasil.”


Apelou para que não se perdesse a capacidade de indignação, diante das iniqüidades da vida brasileira, e, abrindo os braços, conclamou a sociedade para que construísse mais escolas de qualidade, “mas uma escola igual para todos, onde possam estudar, lado a lado, os filhos dos ricos e os filhos dos pobres.” Essa é uma postura democrática, que anotamos em reuniões internacionais da Unesco, freqüentadas também por Cristovam Buarque, que lá é muito admirado. Ele acredita na universalização dos benefícios trazidos ao progresso por uma educação de primeira qualidade. Disse bem: “Não importa quem seja o dono da escola, mas a sua qualidade.” Assim se poderá derrubar o muro que separa o mundo do desenvolvimento daquele outro em que imperam o atraso e a desigualdade. Arrancou novos aplausos quando disse: “Vocês já imaginaram se há 40 anos o Nordeste contasse com escolas como esta? O Brasil seria muito diferente!”


Só mesmo uma boa escola, como a que o Sesc acaba de construir, servindo de modelo, poderá atrair jovens de todas as unidades da federação para viver novos tempos de prioridade à educação. O seu projeto pedagógico é exemplar.


Jornal do Commercio (RJ) 22/2/2008