Há razões de inquietação sobre o futuro da educação brasileira. Ora é a alegada falta de dinheiro, ora é a sua má aplicação como se fosse um carma que se abateu sobre a principal das nossas prioridades. A incompetência é uma característica do setor, com as naturais exceções, o que dá como conseqüência a baixa qualidade dos serviços prestados à população. A revista “Veja” fez um ranking recente sobre o ensino superior, com dados baseados no falecido “provão”. Salvo as universidades públicas, de um modo geral, os resultados foram desastrosos. Revela-se a formação de uma geração muito pouco comprometida com a busca do conhecimento - e mais interessada no discutível diploma que, na verdade, hoje garante muito pouco em matéria de emprego.
Nesse quadro, é preciso chamar a atenção do que se passa no Senac, cuja organização é exemplar. Só em São Paulo, afora os seus convênios de formação com as Secretarias Estadual e Municipal de Educação (Projeto Profissão), cresce a sua presença no ensino superior. Numa área de 120 mil metros quadrados, em Santo Amaro, existem oito faculdades, oferecendo cursos de primeira qualidade em Hotelaria, Turismo, Moda e Educação Ambiental, nessa fase. Ali será possível abrigar no futuro cerca de 14 mil alunos.
Por que essa referência? Tive o orgulho, como membro do Conselho Federal de Educação, de relatar o primeiro desses cursos, em Brasília, do que resultou esse bonito crescimento, sempre baseado na excelência, como exigiu o seu presidente Abram Szajman. No campus, concebido numa adequada harmonia entre paisagismo e arquitetura, facilita-se a criação do chamado espírito acadêmico, num universo que oferece, em suas 60 unidades, mais de 450 mil vagas em cursos intimamente vinculados ao mundo do trabalho, nas áreas de comércio e serviço.
O que se deseja, como foi dito na inauguração mencionada, “é o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo dos nossos futuros profissionais.” O Senac atua no ensino superior desde 1989, procurando desenvolver áreas inéditas, ainda pouco exploradas pelas tradicionais escolas de ensino superior.
O que ressalta de todo esse trabalho, que tem cunho nacional, é a visão dos dirigentes do Senac de trabalhar sempre com empresas. Assim, os seus cursos respondem com agilidade às demandas que surgem. Exemplo bem evidente é o que se pode extrair em comunicação e informação por meio de sistema de TV Digital, que começa a ser discutido pelos educadores da exemplar entidade.
Está certo o líder empresarial Abram Szajman, quando enfatiza que “a escola não tem por função social simplesmente formar pessoas para serem bem-sucedidas em sua carreira profissional. Devemos formar pessoas que tenham compromisso com a transformação social, com a promoção do bem-estar e da qualidade de vida para todos.”
É com essa visão que se expande, entre nós, o conceito de educação para o trabalho, hoje marcada pela renovação e pela modernidade.
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) 26/04/2004