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Um PIB preparado

 

O ministro Luiz Fernando Furlan declarou à imprensa que o terceiro trimestre do PIB foi preparado. Com a responsabilidade de seu cargo, de sua carreira empresarial e de seu êxito ministerial, o ministro fez a opinião pública saber que no Ministério do Planejamento, responsável pelo cálculo do PIB, também se faz trambiques, para usar uma palavra vulgar, mas de conhecimento generalizado.


É esse mais um sintoma do estraçalhamento da ética no País, com os escândalos políticos, administrativos e outros menores como mensalões e mensalinhos, que vêm à tona em épocas rumorosas e perturbadas da história brasileira, como a atual.


Evidentemente, como sempre ocorre no Brasil quando se dá um fato como esse, típico das épocas anômalas, não serão apurados quem fez a fraude, ao reduzir o volume do PIB trimestral. De resto, o assunto está superado, está mesmo esquecido, pois os PIBs variam e no Brasil tendem a variar muito mais, talvez mesmo para menos, apesar das enfáticas manifestações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PIB brasileiro tem crescido, pois a nação está fortemente ancorada numa política econômico-financeira voltada para o desenvolvimento, que repercute no PIB.


Não se dê importância maior a uma possível fraude, leve-se a sério a declaração do ministro Furlan e fique de sobreaviso sobre as estatísticas oficiais que, para usar a expressão do grande primeiro-ministro da Inglaterra, Benjamin Disraeli, que não acreditava em estatísticas oficiais, afirmando mesmo que em geral eram mentirosas.


Se o PIB foi trabalhado ou não para a informação pública é um assunto a ser apurado, a fim de reparar a sua parte na ética administrativa, mas espera-se uma outra publicação oficial e na qual venha corrigido o que se admite ser uma irregularidade de projeção do PIB. É isso.




Diário do Comércio (São Paulo) 13/12/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 13/12/2005