O futebol brasileiro não é uma caixinha de surpresas. Quando um time pequeno (pequeno mesmo, sem essa de "baixo orçamento") faz 1x0 contra um grande aos 10 do 1º tempo, pode-se garantir que seus 16 jogadores cairão no gramado até o fim da partida e levarão dois minutos cada para se recuperarem magicamente.
Se um jogador é tocado acima do umbigo pelo dedo mindinho do adversário, leva as duas mãos ao rosto, cai como se tivesse sido decapitado e rola quatro ou cinco vezes à espera da ambulância que precisará levá-lo ao pronto-socorro. Quando um jogador faz um gol, ajoelha-se de olhos fechados e aponta dois dedos para o céu, agradecendo a ajuda divina. Mas, quando esse mesmo jogador perde um gol feito, dentro da pequena área e sem goleiro, não dá uma banana para o céu e esbraveja com Quem de direito pelo fiasco.
Na cobrança de um pênalti, o jogador brasileiro, em vez de partir para a bola em linha reta e chutar forte, faz aquela volta para ficar de ladinho, executa um cômico tremelique com a bunda, dá uma paradinha a 1 metro da bola e só então chuta. Se o goleiro for esperto e esperar que o sujeito complete aquele bobo ritual, saberá para qual canto cair e fazer a defesa. Não admira o número de pênaltis perdidos ultimamente.
E eu sempre quis saber o destino daquelas flâmulas (na verdade, galhardetes) que os capitães trocam antes do jogo. Imagino que sejam entregues a um funcionário, que as leva para o clube. E depois? São catalogadas, arquivadas, guardadas? À média de 80 jogos por ano, haverá gaveta ou prateleira para tanta flâmula?
É possível que as trocadas nas finais de conquistas memoráveis, como o Brasileirão ou a Libertadores, passem a enfeitar o museu do clube. Mas eu queria ver era a de Flamengo 8x0 Kaburé, um esquadrão de Tocantins, no dia 26 de abril de 1995. Para os 1.452 torcedores que lotamos a Gávea naquela noite, foi memorável.