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Todos falam no professor

 

Não se pode exigir harmonia de pensamentos entre os candidatos à presidência do nosso País. Cada um vem de uma escola, tem determinada experiência, e sonha com soluções que podem ou não ser exeqüíveis. Algumas idéias são coincidentes, o que é natural, pois sofremos influências do revelo de outras nações, fato que se agravou com a ilusão de que a globalização nos levaria ao melhor dos mundos.


Assessores dos quatro candidatos debateram o período FHC, na educação. Houve muitas críticas, como a redução nos investimentos da área na ordem de 23%. O investimento de R$ 72 reais por habitante em 94, caiu para R$ 57, em 1998. Isso é progresso? É uma noção perversa da prioridade do Governo.


Foi elogiada a participação do MEC na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (o que é discutível) e a criação do Fundef como um efetivo mecanismo de gestão. Comentou-se a hipótese de ampliar os investimentos em educação a partir das reformas fiscal e tributária, onde o Governo empacou. Deseja-se aumentar os investimentos em educação dos atuais 5% para 7% do Orçamento.


Como numa corrida de revezamento, o novo presidente da República, a partir de janeiro de 2003, receberá o País em movimento. Tivemos algumas conquistas, nos últimos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, na área da educação, sendo injusto deixar de reconhecer isso. O candidato Lula elogiou alguns êxitos concretos. O Serra fez o mesmo, mas deseja criar um inacreditável cursinho pré-vestibular para todos os alunos que concluam a escola pública. Isso vai melhorar a qualidade?


Há, ainda, problemas na distribuição da refeição escolar. Não se deu quase atenção à educação infantil e à educação especial. E a maior de todas as falhas: a formação, o treinamento e a remuneração dos professores. Pouco se avançou na matéria, nos municípios, nos estados e na esfera federal. Há praticamente tudo por se fazer.


O ensino médio e o próprio ensino superior têm sido bastante ventilados pelos quatro candidatos. Quanto aos recursos humanos, problema antigo da educação brasileira, que continua pagando mal a seus professores e descuidando da capacitação e treinamento dos profissionais desta área, as promessas são muitas, restando saber se o vencedor irá cumpri-las: remuneração, valorização e capacitação permanente (Lula); política diferenciada para o professor que se aprimorar, criação do Sistema Federal de Treinamento e Retreinamento de Professores (Ciro); formação superior para os professores de ensino médio e fundamental (Serra) e até gratificação de R$ 500,00 para os professores que se destacarem (Garotinho).


Além disso, Serra deseja contratar jovens de ensino médio para estagiar nas empresas, repetindo o que já faz com sucesso o CIEE; Garotinho reclama do sucateamento das universidades oficiais; Ciro defende a prioridade ao pré-escolar e Lula pede que não esqueçamos o desenvolvimento científico e tecnológico. Em matéria de planos, uma festa. E na hora da execução? Haverá dinheiro e competência?




Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 04/09/2002

Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, 04/09/2002