E quando não há onda contra ninguém ou nada, inventam onda contra o hino nacional. Há tempos, já houve até comissão para apurar irregularidades no pátrio hino. Mestre Vila e outros mestres debruçaram-se sobre o corpo de delito, pesquisaram a honestidade das colcheias, a colocação das fusas e as relações públicas das semifusas. Depois da parte musical investigaram a letra. Ai o negócio complicou cismaram com o "deitado eternamente em berço esplêndido". Uns queriam tirar o "deitado", desejavam o Brasil em pé. Outros aceitavam o "deitado", mas implicavam com o "eternamente".
Houve tempo em que não havia coisa melhor para provocar a polícia que um hino nacional. O pessoal ia para a Patagônia, para a Bulgária, para as margens do mar Cáspio. Na altura do "e o sol da liberdade em raios fúlgidos" aparecia a polícia.
Se não sou contra o hino, sou contra a bandeira. Contra todas as bandeiras, mais os bandeirinhas que marcam impedimentos inexistentes, as bandeirinhas dos táxis, sou contra até o índio que não tem bandeira e ainda contra o tenente Bandeira, o assassino da rua Sacopã.
Resta a divisa. Não tenho nada contra o positivismo, mas creio que o único positivista desta terra foi o Carlos Ribeiro, mercador de livros. Ele não seria intransigente e consentiria na mudança da divisa. Para substituí-la sugeria uma ampla pesquisa, há muita frase por aí dando sopa e sugestão.
Tem que ser um lema sadio, que inspire otimismo às futuras gerações. Podia ser aquela frase do doutor Adhemar de Barros: "Dessa vez, vamos!" Ou o lema daquela gafieira do inicio do século: "Talento e Formosura".
De minha parte, gostaria de ver na bandeira a tatuagem que vi no peito cabeludo de um marinheiro da Cantareira:
"Amor de Mãe".