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A situação de Kosovo

 

Um dos problemas que mais abalaram o equilíbrio das nações em 1914 foi o 'princípio das nacionalidades', que já começava o seu nefasto caminhar entre as nações, então existentes na Europa.


Foi o 'princípio das nacionalidades' que provocou numerosos juristas a escreverem a seu respeito, condenando-o como nocivo à paz e, evidentemente, não se supôs que iria desabar sobre as nações como um fogo de capim capaz de envolver os países numa política de repressão.


O 'princípio das nacionalidades' nasceu aí e a própria Sérvia deu a notícia sobre suas conseqüências. Esse princípio consiste na divisão do maior pelo menor e acaba criando nações que não têm personalidade, e daí partem elas já divididas para um confronto bélico o que pode acontecer na Sérvia que experimentou, faz alguns anos, um surto guerreiro que ensangüentou pequenos países incapazes de se defenderem diante do inimigo maior.


O caso de Kosovo pode se resumir da seguinte maneira: a província de Kosovo declarou-se independente no domingo, dia 17, ignorando as advertências do país de que fazia parte, a Sérvia, e os protestos de Rússia e de China.


Neste momento, esquece-se que o 'princípio das nacionalidades' fizera devastações na Europa gerando a guerra de 1914 e preparando a de 1939, um conflito que mudou o mundo. Mas eu, pessoalmente, luto pela redução desse princípio que divide as nações, gerando um número enorme de povos que não se bastam por si próprios. Mas o mal está feito e agora é difícil remediá-lo.


O caso de Kosovo era esperado, tal como aconteceu e isso não quer dizer que vai parar por aí, pois os 'princípios das nacionalidades' gera casuísmos e imprevisões como as que nós temos registrado na política da Europa, que acarretou o surgimento dos nacionalismos nefastos da velha Rússia, do nazismo e do fascismo que ensangüentaram o continente e que chegaram aos EUA e até ao Brasil.


Foi esse princípio das nacionalidades que destruiu um trabalho que era feito pelas chancelarias européias, mas que acabou se perdendo no meio da exaltação das nacionalidades recém-proclamadas, o que se deu com perda da paz, pois seguiu-se a ela o desrespeito a esse princípio e a opção pelas guerras mundiais.


Diário do Comércio (SP) 20/2/2008