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Repensando o Brasil

 

Ruy Martins Altenfelder Silva é um homem comprometido, na vida pública, com todos os desdobramentos da palavra ética, sobretudo quando se refere à política. Exerceu com brilho o cargo de Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia de São Paulo, é membro da Academia Brasileira de Ciências Jurídicas, faz parte de uma série de grupos de trabalho da Federação das Indústrias e hoje, de forma notável, preside os Conselhos de Administração do CIEE/SP e do CIEE/Nacional.

Nas conferências que realiza e nos programas de televisão que se tornaram ícones, com o título “Diálogo Nacional”, demonstra exemplar coerência com um tema que talvez seja mesmo o da sua preferência: educação. Demonstra isso no livro recém-lançado (“Repensando o Brasil, ética para todos”, Editora Pax & Spes), onde se encontra a síntese do seu pensamento, como se pode verificar em “O nó da educação” (página 67):
 
“São raros os ângulos de análise que permitem uma visão animadora do cenário e dos rumos da educação brasileira, enredada numa teia de problemas e deficiências, entre as quais se destacam as preocupantes avaliações de desempenho dos estudantes, dos professores e das escolas.”

Critica o sistema e afirma que não se trata da alegada falta de verbas, mas sim um conjunto de fatores, incluindo a falta de competente planejamento para gastá-las bem. Isso nos leva a uma encruzilhada: se é voz corrente que a aplicação de 5,2% dos recursos do PIB em educação é insuficiente, como se revela no atual Plano Nacional de Educação, em que se pede a ampliação em 10 anos para 7%, qual a garantia de que teremos competência para utilizar adequadamente essa montanha de dinheiro? Muitos chamam de gastos com a educação, expressão que por aí só é condenável, pois a palavra gasto (basta ver nos dicionários) pode ser interpretada como sinônimo de desperdício.

Ruy Altenfelder saúda a feliz expansão da educação profissional, com uma bela referência aos trabalhos do Sistema S, “movimento que vai na contramão das crescentes taxas de evasão do ensino médio regular”, e saúda a empregabilidade existente para alunos da educação profissionalizante, que desfrutam de cursos de reconhecida qualidade e taxas de empregabilidade superiores a 70%. Vê-se, por aí, como sobra razão à presidente Dilma Rousseff, quando aborda a questão seguidas vezes – e de forma determinada.
 
O autor de “Repensando o Brasil” enfatiza a importância do trabalho do CIEE, em nível nacional, oferecendo aos jovens estagiários e aprendizes excelentes oportunidades de inclusão profissional, dentro de um impecável padrão ético, embora seja defensor entusiasta da necessidade de reformas prementes na chamada “Lei do Estágio”. Há um clamor nacional para que os estágios passem de 6 para 7 ou 8 horas diárias, como querem os próprios alunos, e seja dado fim aos contratos de somente dois anos, o que é comprovadamente muito pouco tempo. 

 
 Tribuna de Petrópolis, 16/2/2011