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Política em declínio

 

Quem estuda a História do Brasil - ou quem a estudava, em outros tempos, quando era obrigatório o estudo - vê-se diante de um fato notório, o declínio da República, a mediocridade apavorante das instituições e dos homens e mulheres que devem gerir a herança dos antepassados, que no dia 15 de novembro de 1889 prometeram mundos e fundos para o povo brasileiro, ou para os magotes de povo que, sem nada compreenderem, apoiavam gritos esparsos de viva a República.


Os primeiros chefes de Estado que tivemos traziam o legado da faculdade de Direito, o compromisso maçônico, a fidelidade partidária, e o exemplo americano, sempre fascinante para os brasileiros. De 1889 a 1930 o Brasil foi governado pelos partidos republicanos estaduais, pois no período histórico prevaleceram esses partidos, não tendo havido partidos nacionais. O de Glicério se malogrou, e nada mais se fez para nacionalizar a política, até hoje não nacionalizada, apesar do ministro Jobim querê-lo.


Depois tivemos os 15 anos de Getúlio Vargas, até que um golpe militar o depôs em 29 de outubro de 1945, mandando-o para sua fazenda de Santos Reis, no Rio Grande do Sul, de onde ele saiu pelo voto popular, para, ao cabo de quatro anos, sair pelo suicídio para as páginas da História. Vieram depois os presidentes que se seguiram, numa série em que se salvou pelo entusiasmo, pela simpatia e pelo jeito mineiro de fazer política o alegre Juscelino Kubitschek. O Brasil já era outro.


Depois tivemos Jânio Quadros, um maluco sem critério, mas grande demagogo, desses que ensinam os marqueteiros a fazer eleições, tivemos João Goulart e seus comunistas de fancaria, e os militares com sua mentalidade e seu autoritarismo. Finalmente, os seus sucessores. Mas, convenhamos, que se opera na política brasileira um declínio, inclusive com o louvado por um dos grandes jornalistas paulistanos como estadista. É o declínio de que tivemos uma amostra no debate do último domingo. É a República que rola na mediocridade de que temos exemplos em abundância.


 


Diário do Comércio (São Paulo - SP) em 09/08/2002

Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, 09/08/2002