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Personagens da crise

 

Todas as revoluções trazem à tona da sociedade personagens dos quais ninguém ouvira antes falar. Os exemplos históricos são a Revolução Francesa, a Revolução russa, a Revolução nazista, o fascismo italiano com Mussolini e seus companheiros de jornada. A regra histórica é essa. Daí não termos por que estranhar as várias personagens do mensalão, até há pouco desconhecidas da opinião pública. Tiveram, no entanto, participação magna em todos os acontecimentos que estão enxovalhando a nação, aqui e fora daqui. Nesse ponto, estamos de acordo com o presidente: o Brasil não merece isso. Mas de quem é a culpa? Dos petistas, dirigentes, líder máximo, líderes secundários e a arraia miúda que tudo faz para colher as migalhas da mesa dos chefes.


Quem já ouviu falar desses indivíduos que movimentaram milhões de reais, que carregaram dólares na cueca e não pouco, mais 100 mil, uma fortuna, ainda que média ou, mesmo, pequena, mas desejada por milhões de habitantes do Brasil. E os saques milionários em bancos. E as malas recheadas de notas de banco? Tudo isso e muito mais está na crônica impressionante, pelo ineditismo, da crise que assola o Brasil, por obra e artes do PT, um utópico Partido dos Trabalhadores. Trabalhadores que nele acreditaram, correndo às urnas no dia da eleição do líder máximo. Essa história vai ser contada em detalhes pelos candidatos a doutorado, nas teses de concurso, e por historiadores profissionais nos trabalhos de fixação dos usos e costumes de uma época, esta, na qual não esperávamos viver.


Foi esse o presente que a candidatura Lula nos deu. Embora prometendo trazer o céu aos famintos do Nordeste e aos mendigos do Sul. Perguntem à geração que está despontando para assumir a direção de empresas, de colégios, de faculdades, de bancos, enfim, da sociedade, pergunte-se e ela deverá rir na cara do interessado na resposta. Não se tenha dúvida, a juventude que ocupa cargos de relevo em todo o complexo social do País não acredita nessa democracia, mais acertadamente plutocracia, onde o dinheiro, essa invenção do diabo, da qual não podemos prescindir, é que manda na política do País. Uma grande País, muitíssimo mal governado. Em outras épocas, românticas, havia suicídios, crimes, desespero, manifestos coléricos, ira impetuosa contra os inescrupulosos, mas hoje é diferente. Os jovens pensam em condenações modernas dos corruptos. Deixemo-los, porém, entregues ao futuro, e lamentemos a sorte da nação, que tanto amamos. Esperamos a punição dos culpados. Não é desejar muito. Mas o necessário, para lavar a face da nação, essa face conspurcada.




Diário do Comércio (São Paulo) 22/07/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 22/07/2005