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Oficina de animação

 

Numa visita a Volta Redonda, fomos convidados para conhecer um projeto fascinante: A Oficina de Cinema de Animação, patrocinada pelo Ministério da Cultura (Minc) e realizada pelo FanCine, com outros parceiros. Um espetáculo que enche os olhos, com a garotada mobilizada pela realização dos seus trabalhos, em que se misturam a vocação inequívoca e a criatividade. A oficina envolveu dezenas de estudantes de escolas públicas e resultou num filme de animação de curta-metragem sobre os cinqüenta anos do município.


O livro infantil, oriundo do projeto, tem o condão de levar a milhares de outras pessoas esse exemplo de devoção ao trabalho, o que se pode facilmente verificar pela reprodução dos fotogramas desse painel cultural em que se revela a alma da cidade de Volta Redonda e o seu apreço pelos projetos ambientais que são essenciais para a sua sobrevivência com a qualidade de vida.


Admiração maior é devida à psicanalista e produtora cultural Fatita Bustamente-Celes, presidente do FanCine, principal responsável, com o seu entusiasmo, pela realização deste "Arigó" em livro.


Quando da nossa visita, em São Paulo, ao laboratório de animação do desenhista Maurício de Sousa, ficamos entusiasmados com o trabalho de 150 artistas, em geral jovens, que são os produtores das suas conhecidas revistas em quadrinhos. Parecia um sonho, digno de Hollywood, com um zelo, uma limpeza e uma qualidade notáveis. Esse sentimento voltou quando estivemos em Volta Redonda. Embora em modestas instalações, vibramos com a competência dos nossos animadores e agora já se pode comemorar, com toda ênfase, a realização do seu primeiro de uma longa e vitoriosa série de filmes.


Essa é a criatividade dos nossos artistas, confirmando a enorme vocação que temos para a ilustração de qualidade, como se pode verificar pela exposição sobre o "Tico-Tico", apresentada na Biblioteca Nacional, sob o patrocínio do Sesc e do Instituto Antares. Nos inúmeros painéis expostos, arrancando admiração de adultos e crianças, aplausos para os desenhos do século passado, mas amplamente atuais, de artistas como J. Carlos, Agostini, Storne, Acquarone e Luiz Sá, entre outros, cuja personalidade encanta a sensibilidade de gerações.


Deve-se louvar também os textos apresentados, com ênfase em valores nacionais, o que depois foi lamentavelmente substituído pelos comics americanos e japoneses, com a inestimável ajuda das nossas televisões. Tivemos exceções como o "Patati Patatá", apresentado pioneiramente na Televisão Educativa do Rio de Janeiro (década de 80), o "Castelo Ratimbum", da Televisão Cultura de São Paulo e o imbatível "Sítio do Picapau Amarelo", da TV Globo.


Não há investimentos expressivos na produção nacional, com vista à mídia eletrônica. Já se percebeu que competência não nos falta. O que está ausente é uma política de produção, descentralizada, aproveitando, por exemplo, o nosso folclore, tão rico e, ao mesmo tempo, tão pouco explorado. No Plano Estadual de Cultura do Rio de Janeiro o assunto está sendo objeto de atenção especial - e haverá resultados em muito pouco tempo.


 


Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 28/02/2005

Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), 28/02/2005