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O topo da situação

 

O prefeito de São Paulo, o senhor Gilberto Kassab, tem feito o prodígio de estudar o problema do trânsito em São Paulo, mas não chega a uma finalidade por ser demasiado complexo esse problema que desafia os técnicos mais capazes do mundo para solucioná-lo.


Comecemos do princípio. São Paulo tem vários bolsões de crise no trânsito e cada um exige um estudo especial que vai encontrar logo em seguida outro bolsão com estudo também especial. Assim, de bolsão em bolsão acabamos intrincados num grande problema de trânsito geral na capital paulista. Direi que as autoridades devem baixar um decreto para solucionar o problema do trânsito de São Paulo. O problema do trânsito desafia-nos como desafia o prefeito de Nova York e os prefeitos de outras grandes cidades do mundo, e até mesmo as menores cidades já sofrem as conseqüências desse problema sem ter como remediá-lo. Uma vez, na Cidade do México, perguntei a um motorista que me conduzia de quantos automóveis era composta a frota da capital mexicana, e ele me respondeu com a empáfia espanhola: "Mais que Nova York". E não me deu solução à questão que eu propusera. Não deu solução porque não poderia dar, assim como nós não podemos dar solução ao problema paulistano, tão complicado quanto qualquer outro, difícil de sair do papel e ir para as ruas dividir o trânsito em pedaços cabíveis num sinal.


Assim estamos nós, incapacitados de ver uma solução para o futuro desta capital. Mesmo porque, já estamos atingindo o ponto de saturação. Chama a atenção a alta capacidade que tem o trânsito de contestar qualquer programa médico suscetível de atender as receitas destinadas a neutralizar os seus efeitos, efeitos do trânsito congestionado que é o nosso. Estamos atingindo o ponto extremo do trânsito que está cada vez mais caótico. E dele não podemos sair, pois as montadoras fabricam os veículos para vendê-los, e os bancos financiam as compras para favorecer o mercado.


Ficamos assim, entalados em dificuldades impossíveis de serem solucionadas se o campo de batalha não for desobstruído dos seus entraves atuais, causando as maiores dificuldades às autoridades que devem desempenhar funções para a melhoria do trânsito de São Paulo.


Diário do Comércio (SP) 26/3/2008