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O rio de todas as cores

 

O Rio de Janeiro é um Estado de todas as cores, de gente essencialmente alegre e realizadora, o que nos leva a crer que aqui nasceu o bom humor do povo brasileiro. O fotógrafo Pércio Campos decidiu, com extraordinária sensibilidade artística, fazer um retrato inédito do nosso Estado. Pércio realizou um documentário fotográfico com temas diversificados, como a arquitetura, a cultura, os sabores, a paisagem, a força e a luz do Estado fluminense.


Deus não precisou de ajuda para criar o Estado maravilhoso. A natureza e o esforço do homem deram-se as mãos para compor uma verdadeira pintura, elogiada por estrangeiros de diferentes latitudes. Como o Rio de Janeiro é bonito, como são lindas as suas praias, os seus campos, os seus lagos, os seus rios, as suas montanhas, enfim, tudo aquilo que se poderia ter de melhor em matéria de deslumbramento natural.


Mas não é só isso. O acadêmico Antonio Olinto retratou, no seu belíssimo ensaio, ele que é mineiro, mas ama esta terra, um trabalho de muita competência de homens e mulheres em diferentes etapas da vida. Hoje, ocupamos o segundo lugar na economia nacional.


A riqueza fluminense se distribui pelo interior de forma inédita, com a valorização por intermédio da renda per capita de municípios como Quissamã, Carapebus, Rio das Ostras, Porto Real, Búzios, Macaé, Casimiro de Abreu, São João da Barra, Piraí e Campos dos Goytacazes - os 10 primeiros colocados, segundo o IBGE.


O resultado desta obra - um conjunto lindo de fotos - algumas áreas mereceram destaque. É o caso da arquitetura. Quantas igrejas, quantas lembranças da influência francesa, quantos centros históricos no estilo das construções em Portugal. O Rio a todos acolheu, mantendo, entretanto, a sua forte personalidade.


Há monumentos, grandes e pequenos, que marcam a liderança cultural do Rio de Janeiro, como o Museu Nacional de Belas Artes, o Museu Histórico, o Museu da República, o Museu de Arte Moderna, o Estádio do Maracanã, a Biblioteca Nacional, o Museu Imperial, o Teatro Municipal, a Academia Brasileira de Letras, o Jardim Botânico, o Observatório Nacional.


A economia, com os ciclos de açúcar, de café, de sal e de ouro, diversificou-se inteiramente. O petróleo, da bacia de Campos, assumiu a liderança nacional. Somos um País auto-suficiente em ouro negro. Surgiram os pólos industriais entre os quais o gás-químico, a força da energia termonuclear de Angra dos Reis, o recrudescimento da indústria naval, a pesca, a fruticultura, a siderurgia para além da Companhia Siderúrgica Nacional, uma geração de postos de trabalho inéditos na realidade brasileira. É o Estado que mais emprega.


A cultura fluminense não repousa somente no carnaval, a nossa maior festa popular. Esta obra assinala outras importantes realizações do nosso folclore, como as Pastorinhas de Santo Antônio de Pádua, Folias de Reis da Mangueira, Encontro de Folias em São Gonçalo, Velha Guarda da Mangueira, Festa Junina praticamente em todas as cidades, Reis de Congo em Caxias, Emboladores de Coco na Central do Brasil, Jongo da Serrinha em Madureira, Cordel e Repente, Cavalhada em Campos, Procissão de São Sebastião na Tijuca, Festa da Penha, além dos formidáveis seresteiros de Conservatória.


Não seria exagero afirmar que aqui concentra-se, o paraíso dos nossos sonhos, com praias, manguezais, reservas litorâneas, montanhas, pedras e rochas, mata atlântica, rios, como o Paraíba do Sul de tantos poemas, lagoas e cachoeiras, numa combinação que se enriquece com a nossa grande vocação artística e desportiva, uma aquarela tropical de rigoroso e resplandescente deslumbramento, que este livro consagra.




Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 29/1/2006