Cada relatório anunciado, relativo à educação, é um susto que levamos. Foi a vez da OCDE (o clube dos países ricos) e refere-se ao ano de 2014. Nossa posição no concerto internacional é, no mínimo, lamentável.
Entre 36 países pesquisados, embora sejamos comprovadamente a sétima economia do mundo, ficamos em penúltimo lugar quanto a investimentos por aluno nos níveis fundamental, médio e superior. Ou seja, estamos em 35º lugar, com a média de 3.066 dólares, abaixo de países como a Turquia, o México, o Chile, Portugal, Islândia e outros. O país que mais investe é a Suíça, com 16.090 dólares, seguida dos Estados Unidos (15.345) e a Noruega (14.288).
Com esses números da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, vê-se com nitidez como andamos atrasados, nas comparações internacionais. O investimento público em educação, no Brasil, chega próximo aos 5,9% do produto Interno Bruto – e precisa mesmo se aproximar dos 10%, como prevê o Plano Nacional de Educação.
A consequência disso pode ser medida quando se analisa o salário inicial anual de professores do ensino médio, por exemplo. Ficamos em 37º lugar, com 10.375 dólares. À nossa frente, países como a Eslováquia, a Hungria, a Estônia, a Polônia, a Grécia (com toda a sua crise econômica), o Chile etc.
Os países que mais investem em salário de professor são respectivamente Luxemburgo (76.685 dólares), Suíça, Alemanha, Indonésia e Dinamarca. Mesmo os Estados Unidos ficam em 9º lugar, com 38.433 dólares, motivo de preocupação do presidente Barak Obama, que tem anunciado medidas para melhorar esse quadro. Elas representam maiores aportes financeiros para o sistema.
As consequências negativas não podem deixar de existir. Nosso ensino médio é desinteressante, revela altíssimo índice de evasão, pois há uma conjunção desfavorável entre a falta de apoio aos professores e as necessidades dos alunos. Isso tudo provoca uma reação em cadeia. No ano passado, formaram-se menos 980 mil alunos do que no ano anterior. Isso num ensino superior que tem mais de 7 milhões de estudantes, mas que precisaria já estar com cerca de 10 milhões. Devemos crescer e estamos encolhendo. As causas são bastante claras.
Assinala-se ainda um outro fenômeno na nossa realidade: o ensino superior tem quatro vezes mais recursos do que o fundamental, também porque nos seus investimentos incluem-se as despesas necessárias de pesquisa e extensão. Como melhorar a nossa performance na cadeia de patentes sem isso?
O nosso ensino superior é lastreado sobretudo em instituições privadas (72% do total) e estas dedicam menos atenção à pesquisa, com honrosas exceções como é o caso da PUC do Rio de Janeiro. Atentas à relação custo/benefício, as universidades privadas priorizam as atividades de graduação, e pronto. Por isso, as melhores instituições de nível superior são públicas, respectivamente Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal do Rio de Janeiro. Há muito o que fazer para mudar esse quadro.
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Folha Dirigida (RJ), 18/09/2014