O Aeroporto de Congonhas, depois de reformado, foi abatido em sessenta vôos, desviados a partir de anteontem. Com essa decisão, os passageiros foram prejudicados de um momento para outro. Este problema vem ocorrendo desde o desastre em que morreram 199 pessoas. É um problema a ser considerado cautelosamente e não de afogadilho, com moderação, pois só Congonhas é um aeroporto adequado a atender os sessenta vôos desviados para outros destinos. Em suma, a crise no transporte aéreo continua no principal estado brasileiro.
A aviação civil merece muito mais do que o corte que acaba de sofrer, pois Congonhas é um aeroporto bem situado, embora envolvido pelo crescimento da cidade e agora inamovível. Reconhecemos que esse problema não é de fácil solução, mas é mais fácil dotar Congonhas de obras que garantam a segurança dos vôos do que desviar sessenta vôos, causando grandes dificuldades para numerosos passageiros, obrigados a mudar de transporte ou a fazer percursos em automóvel para chegar ao destino desejado.
Ou Congonhas não deveria ter crescido e adquirido a importância que tem, ou deveria ser melhorado para atender a sua finalidade como aeroporto de comunicação doméstica, ainda que tenha a categoria internacional que as empresas de aviação acentuam em suas legendas para os passageiros.
O problema de São Paulo, portanto, não foi solucionado nem o será com esse desvio de vôos, mas é preciso encontrar uma finalidade mais plausível que atenda às necessidades do transporte aéreo, como sempre tivemos num passado distante e que devido a um terrível acidente acabou se desfazendo, pelo menos nas mãos dos administradores atuais. Lembramos que nesses sessenta vôos desviados de Congonhas viajam mais de seiscentos passageiros.
Enfim, estamos hoje em maiores dificuldades do que no início da aviação civil, pois temos um aeroporto notável que será abandonado por sessenta vôos.
Diário do Comércio (SP) 3/10/2007