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Novas questões de ortografia

 

Nos dicionários aparece duplicidade de grafia entre ‘lambujem’ (com j) e ‘lambugem’ (com g)  tanto aplicado à vantagem que se oferece ao adversário com que se joga (‘eu te darei cinco pontos de lambujem’) ou ao que se dá ou se ganha fora do esperado (‘nós ganhamos uma prenda de lambujem’),variante, nestes exemplos,de ‘lambuja’.  

Os que optam pela grafia com ‘j’ seguem, segundo nos parece,o exemplo do grande ortógrafo lusitano Gonçalves Viana, tantas vezes lembrado nesta coluna, modelando-se pelo ‘j’de‘lambuja’. 

Por sua vez,os que preferem escrever com ‘g’, como faz Antenor Nascentes, outro grande representante dos estudos de língua portuguesa, se apoiam na influência do sufixo - agem, embora não exista este sufixo em 'lambugem' e assemelhados, por se tratar de formas derivadas de radicais verbais. Esta última opção é a seguida também por outra autoridade portuguesa em  ortografia,Rebelo Gonçalves, que, emendando grafias 'lambujem' e 'amarujem' do "Vocabulário da Acadêmia de Ciências de Lisboa" propõe:

"Verifica-se, afinal, não haver vantagem científica, além de só haver desvantagem prática, em as distinguir graficamente de babugem, penugem, rabugem,salsugem, etc., isto é, de palavras a que o sufixo - agem pertence como parte integrante "(“Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa",pag.27, Coimbra, Atlântica,1947).    

O recentíssimo “Grande Dicionário”,da Porto Editora (Porto, 2010), registra apenas'lambugem", com g , nas significações aqui relacionadas.É a lição que adotará o “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”(Volp), da Academia,na sua próxima edição,em vez de ‘lambujem’, com j, como já se fez no “Pequeno Vocabulário Ortográfico”, 3ªedição,também da ABL, que sairá nestas próximas semanas.      

A outra questão refere-se ao emprego da vírgula nos apostos (este plural profere-se com‘o’ aberto).Como sabemos,o aposto é um termo nominal que se refere a outro termo nominal  chamado fundamental,usado ou para explicitar(o Rio Amazonas) ou para explicar outro termo de natureza também nominal(Ronaldo,meu vizinho).O último,chamado explicativo, se separa do fundamental por uma pausa na língua falada, indicada por vírgula na língua escrita.A vírgula se impõe quando o aposto explicativo está representado por expressão de  maior extensão: ‘Ronaldo,meu vizinho’; ‘Recife, a Veneza brasileira’.            

Quando o aposto é exercido por expressão de pouca extensão aparece, às vezes, sem vírgula, apesar de continuar ser marcado por pausa: ‘Pedro o Cru’; ‘Carlos o Calvo’. Mais uma vez nos socorreremos da lição de Rebelo Gonçalves (obra citada, pág. 240, nota 6) para recomendar o uso da vírgula como melhor forma nestes casos,para separar o aposto.      

 

O DIA (RJ), 16/1/2011