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No topo do mundo

 

Nosso DC , com rara felicidade, deu ontem na primeira página a manchete sobre a elevação dos juros: Copom eleva Selic e coloca o Brasil no topo do mundo . O comentário social a essa medida dos administradores da economia brasileira é que o Brasil, sendo um país pobre, tem uma elevada faixa da população que recorre infalivelmente ao crediário, comprando através de prestações os bens de que necessita para viver e tendo que pagar o mais alto juros do mundo. Isso é inconcebível!


Com essa medida, agora, adotada contra várias opiniões do mercado, como assinala a reportagem do jornal, os mais pobres ficam impossibilitados em recorrer às compras com maior freqüência, pois a taxa de juros anualizada é de 12,25%, o que encarece demasiadamente a aquisição dos artigos. Dizer isso é dizer tudo sobre a elevação da Selic e dos juros que serão exigidos inapelavelmente pelo comércio varejista que atende a massa humana que a ele se dirige.


Esse foi o resultado da reunião do Copom, fazendo ver o quanto está isolado do quadro majoritário da população brasileira, que esperava pela queda de alguns pontos na taxa de juros básica, e que se refletirá sobre o financiamento dos bens de consumo. É uma reviravolta que a economia sofre dos administradores da moeda nacional, impossibilitados de satisfazê-la cortando a taxa, como era esperado.


É uma luta permanente esta que os administradores da economia nacional travam com os juros sobre os bens de consumo, não podendo atender ao povo na esperança de que paguem menos pelo que consomem. É uma situação terrível; de nada adianta o Nordeste ficar em segundo lugar no Brasil frente às demais regiões em matéria de colocação econômica, pois o que vemos é uma situação imutável, que não dá esperança de vermos modificada daqui até o fim do ano. Nem mesmo no governo de Juscelino se encontrava situação mais favorável ao pequeno investidor e ao pequeno comerciante, que naquela época já dependia do crediário para subsistir e manter a sua freguesia. Não pode ser outra a intranqüilidade da população pobre.


O que temos a dizer é que a situação não é boa de modo geral. É ver se as forças econômicas conseguem superar essa situação, revertendo-a para o azul das boas condições.


Diário do Comércio (SP) 6/6/2008