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A morte do briguento

 

Quando passei pelo Palácio dos Bandeirantes, assisti Antonio Carlos Magalhães provocar uma mudança no temperamento do governador Paulo Maluf e no de seus auxiliares. Maluf havia oferecido uma ambulância para um município baiano, fato que irritou profundamente Antonio Carlos Magalhães, o governador. Paulo Maluf me deu para ler e responder o telegrama que o governador baiano lhe enviara em resposta à sua intromissão nos negócios da Bahia. Deu trabalho o telegrama, pois era preciso "tirar o corpo" da responsabilidade no oferecimento da ambulância, transferindo-a para a insistência do prefeito baiano. Um ato de inocência que passaria em branco, não fosse a cólera do governador. Ficou a imagem de ACM como um homem de pouca conversa e de muita ação, de preferência violenta, ainda que verbal.


Os tempos passaram, mas ACM não mudou o estilo; daí por diante foi como já havia sido no passado, o Toninho Malvadeza , um político no velho estilo dos coronéis do Nordeste, um desses políticos necessários ao Brasil, tanto assim que teve uma longa vida política. Sua vida não foi fácil, pois teve que impor um estilo quando os tempos já eram outros, distantes do tempo do cangaço. A tudo ele se adaptou, menos à concórdia por motivos político-partidários.


Asua maneira de ser sempre agradou aos eleitores baianos, que o adoravam como a um chefe político que o velho perrepismo cultivou durante muitos anos. Prestou serviço a vários governos presidenciais, soube criar amigos e inimigos e teve até um amor duradouro, amor de idade madura, que ele divulgou sem nenhum interesse em escondê-lo.


ACM foi um político necessário ao Brasil de seu tempo, engordou com os anos, ganhou cabelos brancos, perdeu um filho com um futuro político garantido, chorou a sua morte mas não se abateu -uma grande perda, infelizmente.

Eu admirava ACM e fico por aqui!


Diário do Comércio (SP) 23/7/2007