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Lisboa aberta ao futuro

 

Esta foi a nossa segunda visita à Universidade Aberta de Lisboa. A primeira foi há 28 anos, quando a instituição, dirigida então por Armando Trindade, tinha apenas dois anos de vida e surgia como esperança, no panorama da educação portuguesa. Hoje, com o reitor Paulo Dias, tem cerca de 7 mil alunos de várias partes do mundo, inclusive brasileiros, com cursos também de mestrado e doutorado. 

Convidado pelo professor José Fontes, fiz uma conferência sobre a Educação à Distância no Brasil e fiquei impressionado com o interesse dos portugueses pela nossa experiência nessa modalidade, que hoje abriga mais de 1 milhão de estudantes. Depois da palestra, respondi a uma série de indagações sobre EAD. 
O certo é que em Portugal, como no Brasil, as inquietações dos mestres são assemelhadas: como garantir a qualidade no ensino; de que forma são recrutados os professores; quais os cursos que despertam maior interesse. 

Sob esse último aspecto, em Portugal as preferências recaem sobre as ofertas em ciências sociais, gestão e educação. Há alunos brasileiros de Florianópolis (SC) e Londrina (PR), por exemplo, aperfeiçoando os seus conhecimentos, mas com uma queixa recorrente: o Brasil ainda não reconhece devidamente esses estudos. Nossas autoridades exercitam uma estranha desconfiança, certamente porque ainda não têm as necessárias garantias da seriedade do empreendimento. E uma questão de tempo. 

Falei um pouco sobre o sucesso da iniciativa da Nuvem de Livros no Brasil e a possibilidade de estar também em Portugal. E claro que deveria fazer a ressalva dos números de um país e de outro. Hoje, a NL conta com 2,5 milhões de assinaturas, podendo acessar cerca de 30 mil livros de excelente qualidade. Os dirigentes da UAL manifestaram vivo interesse pelo projeto. 

0 Brasil tem hoje mais de 50 milhões de alunos frequentando nossas escolas, em todos os níveis. O ensino cresceu muito, nos últimos anos. Mas falhamos na busca da qualidade, em boa parte devido à precariedade dos cursos de formação de professores. Temos quase 200 mil escolas de educação básica. Cerca de 60% delas não têm sequer uma biblioteca. 

Bibliotecas, ao lado de laboratórios, são exigências do futuro imediato. O emprego em massa da educação à distância de qualidade pode ser uma arma poderosa de crescimento. 

 

Jornal do Commercio (PE), 23/07/2015