Veio a sensação de que o Rio se tornara a bola da vez do azar: câncer do Pezão, crise econômica sem precedentes, greves, falta de grana até para pagar a funcionários.
Estava participando da V Bienal do Livro de Minas, em Belo Horizonte, quando soube do desabamento parcial da Ciclovia Tim Maia, cerca de três meses depois de inaugurada. Com o choque, me veio a sensação de que, definitivamente, o Rio se tornara a bola da vez do azar: câncer do Pezão, crise econômica sem precedentes, greves, falta de grana até para pagar a seus funcionários, o estado com uma previsão de déficit de R$ 18 bilhões para este ano, vírus de zika e chicungunha, sem falar nas mazelas crônicas, como a violência urbana. O desastre que matou duas pessoas aconteceu justamente quando o prefeito ia botar a mão na tocha olímpica que traria para a cidade uns 15 dias de jogos para espairecer. Sem dúvida, se trata de um inferno astral. Primeiro, foi a acusação de que o candidato preferido, e com chances de sucedê-lo, espancava a ex-mulher. Depois, o desastrado telefonema para Lula interceptado pela Lava-Jato, todo recheado de inconveniências, palavrões e brincadeiras politicamente incorretas. Agora, a desconfiança e o medo da população de que possa acontecer o mesmo com as inúmeras obras que seriam o vitorioso carro-chefe da gestão de Paes — merecidamente, aliás, pois ele está construindo uma outra cidade com o projeto Porto Maravilha, o que, no gênero, o coloca na galeria dos “obreiros” a que pertencem Pereira Passos e Carlos Lacerda.
Pode-se alegar que a crise é nacional e que o nosso prefeito não está sozinho nessa sina. De fato, se for se lamentar com a presidente Dilma, ela possivelmente lhe dirá: “Você vem falar de azar comigo! Aí é ciclovia que desaba; aqui sou eu que estou caindo. O que você prefere?”. Resta recorrer a Lula, com quem, naquela famosa conversa gravada, ele já se queixava: “A minha vida começou com Lula e Cabral. Terminou com Dilma e Pezão. Pqp!” Fico imaginando o novo diálogo entre os dois agora:
Paes: “m..., p...., pqp, car..., estou fu....”, tudo por extenso, claro, como no original.
Lula: “Po..., tu tá mesmo fu..., pqp”, tá pior do que eu. Po..., procura o Cunha. Tchau, querido.”
Uma boa sugestão, porque parece que hoje só quem está livre de inferno astral ou tem o corpo fechado para as labaredas dos astros é Eduardo Cunha. Tem sofrido muitas ameaças, mas até agora inúteis. No Conselho de Ética da Câmara, ele formou uma aguerrida tropa de choque que o tem ajudado a se livrar de punição por meio de manobras no regimento interno. Mas e no STF, onde se arrastam há meses vários processos contra ele? Como explicar esse mistério aos mais de um milhão de pessoas que assinaram um documento pedindo sua cassação, acusado de ter recebido propina de US$ 5 milhões, entre outros ilícitos como contas não declaradas no exterior?