Perdoem o latim, mas a frase é bem conhecida, está inscrita na porta dos principais cemitérios do mundo. Foi usada em vernáculo mesmo, pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Lembrou que o calvário que está atravessando mais cedo ou mais tarde pode ser atingido por todos. Até certo ponto foi mais uma ameaça do que uma defesa de sua desconfortável situação política. Expressou sua revolta contra a vingança que está sofrendo pela presidente Dilma Rousseff e sua confusa base aliada.
Tendo recebido 18 pedidos de impeachment para a chefe do Executivo, finalmente aceitou um deles, desencadeando aquilo que os entendidos consideram a maior crise do país.
Pessoalmente, não creio nos motivos que geraram a confusão que atravessamos, nem nos crimes de responsabilidade de dona Dilma, tampouco nos milhões de dólares que Cunha recebeu pelas sondas e navios da Petrobras. Seu poder não dá para tanto. De qualquer modo, as duas acusações podem ser legítimas, mas não ao ponto de perturbar a ordem constitucional.
Já tivemos cassação de um deputado que se deixou fotografar de cuecas. Por sua vez, outro deputado renunciou após declarar que sua fortuna pessoal provinha da loteria Federal, uma vez que ganhou os prêmios maiores.
Hoje sou eu, amanhã é você. Não estou comparando a Câmara dos Deputados a um cemitério, mas o clima reinante é parecido. Não há varões de Plutarco na atual legislatura. Uns pelos outros ficam na mesma vala da mediocridade. Por sua vez, no Executivo, não temos nenhuma matrona de Éfeso. Depois dos 7 a 1 que a Alemanha nos infringiu na última Copa do Mundo, o futuro do Brasil, profetizado por Stefan Zweig, está cada vez mais no futuro. No momento, o Brasil parece que se transformou num cemitério de vivos.