Colega de página, Benedicto Ferri de Barros citou em sua coluna, na última segunda-feira, o sábio chinês Lao-tsé, que há trezentos anos antes de Cristo já condenava o abuso do poder supremo dos governos a sobrecarregarem a economia do povo com impostos extorsivos. Como os que pesam sobre os brasileiros em nossos dias. Segundo a citação de Lao-tsé, "o povo sofre porque seus governantes comem demais por meio dos imposto". É o caso brasileiro.
Segundo lemos, o presidente-surpresa da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, afirmou em cartório que aumentaria os salários - antigamente subsídios - dos deputados, que passariam ou passarão a ganhar mais de vinte mil reais por mês, para fazer o pouco que fazem e não cumprirem, como devem, suas responsabilidades de mandatários eleitorais dos eleitores que votam como povo. É, portanto, antiga a repulsa dos espoliados pelos impostos abusivos aos contribuintes.
Mas, acentuamos, não são só os contribuintes diretos que reclamam do excesso de impostos e do que representam como carga sobre a economia popular, mas os contribuintes de impostos indiretos, que se espalham para abarcar a todos os brasileiros, os abonados dos Jardins e os miseráveis das favelas.
É uma desgraça. Já no tempo de Cristo os romanos mantinham os publicanos nas terras ocupadas por suas legiões e exploravam os dominados pela potência romana de maneira imperiosa para os pobres.
Estamos fazendo, neste jornal, a campanha que deveria ser permanente em toda a mídia, para obrigar o governo a manter o nível tributário adaptado à capacidade de pagamento dos contribuintes. Não é o que ocorre. Todos têm de pagar a mesma quantia, sejam moradores dos Jardins ou do Morumbi, sejam favelados dos arredores de São Paulo.
Concordamos que não haja diferenças de impostos, mas seria preciso adotar um método de arrecadação que abrangesse os abonados e baixasse as cotas de impostos para os mais pobres ou para os pobres, que pagam como qualquer rico, com dificuldade. Daí o sucesso da campanha, que está se tornando um verdadeiro tsunami sobre o governo Lula.
Diário do Comércio (São Paulo) 23/02/2005