A epidemia de dengue ainda não abalou São Paulo, mas já registrou mais de 93 mil casos no Rio de Janeiro; é um caso epidêmico generalizado, que deveria pressionar o Brasil todo, tamanha a sua extensão.
A epidemia de dengue se distribui facilmente pela picada do aedes aegypti (mosquito transmissor da doença), que se multiplica nas águas paralisadas em pneumáticos e poças d'água que não são combatidas nem dissolvidas para fins de higiene pública.
O caso da dengue é grave, sobretudo porque se repete este ano a epidemia registrada no ano de 2002 com várias mortes, que deveriam ter alertado as autoridades da Saúde Pública para sua repetição neste ano, uma vez que o mosquito não foi debelado.
Nas regiões tropicais, onde o nosso país tem vivência, é sintomático o caso das epidemias que se repetem apesar de conhecidas e anunciada a sua repetição. Esses 93 mil casos de pacientes infectados e as 87 mortes registradas poderiam ser evitados se a Saúde Pública fosse avisada e fosse melhor aparelhada para evitar a epidemia, o que não aconteceu e não acontece até agora.
Esses casos epidêmicos são comuns em países como o nosso, que são tropicais, sujeitos à invasão dos mosquitos portadores de vírus letais, e somente serão combatidos com a Saúde Pública adaptada a enfrentá-los, como já foi o caso com outras epidemias vencidas no Brasil.
O que se vê a respeito dessas epidemias é o desleixo das autoridades, que não montam organização suficiente para enfrentá-las, nem levam a sério os casos de mortes, que poderiam ter sido evitadas ao menos em parte.
As epidemias têm sido evitadas no Brasil com trabalho sério e bem aparelhado, de maneira que não se repetem os casos de mortes epidêmicas mas sim mortes eventuais, que não podem ser classificadas dentro do quadro de epidemia.
Enfim, a epidemia é um fato cativo para a Saúde Pública se enfrentada com boa organização e seriedade e não como inevitável causadora de mortes, principalmente de crianças desprovidas da segurança pessoal.
Diário do Comércio (SP) 22/4/2008