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Euclides da Cunha e a Abolição

 

No suplemento de sua edição de domingo atrasado a Folha de S. Paulo publicou dois artigos de Euclides da Cunha sobre a Abolição da Escravatura.


Falou como positivista, como membro das instituições que cultuavam o pensamento de Augusto Comte, invectivou a Confederação Abolicionista com seus argumentos, na época irrefutáveis e hoje cobertos de poeira, tantos anos são passados.


Quem conhece a biografia de Euclides da Cunha sabe que se tratava de um apaixonado das causas que abraçava, e como escrevia bem tinha leitores apaixonados que o acompanhavam, como se dá nas considerações contra a Confederação Abolicionista.


Sua posição, agora revelada pelo jornal paulista, não vai mudar o conceito em que foi tida a Abolição. Mas não devemos nos esquecer que toda a campanha abolicionista foi conduzida sob o domínio das inteligências pelo romantismo.


Bastam os versos de fogo de Castro Alves, alguns anacrônicos na época, como o Navio Negreiro , e os discursos de Joaquim Nabuco, de Rui Barbosa, de José do Patrocínio e de outros escritores, políticos, tribunos de uma época passional, tão passional acabou na eliminação do trono, numa época em que a Nação estava em paz e o Império dava a impressão de ser sólido, sobretudo por serem apenas alguns os republicanos em atividade.


Prestou um serviço plausível aos seus e outros leitores o jornal paulista, pois ficamos conhecendo a posição dos positivistas, que Euclides confessou ser um deles e, pelos termos dos artigos, um passional na defesa de suas idéias, obra primeira de Augusto Comte, cuja voga no Brasil e outros países americanos da maior expressão.


Ficamos conhecendo os bastidores da Abolição da Escravatura e o resultado, no tempo da libertação dos escravos. Aplauso esse serviço da Folha de S. Paulo , para conhecermos os debates posteriores sobre a abolição.


 




Diário do Comércio (São Paulo) 23/05/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 23/05/2005